Preciso me programar para assistir a comédia O Indignado, onde o ator Frank Menezes interpreta texto de Cláudio Simões e Djaman Barbosa, sob a direção de Fernando Guerreiro. Aliás, pelo que li nas reportagens de divulgação, não apenas eu, mas todos os baianos deveriam se programar para ver e ouvir O Indignado. Quem sabe, através da comédia, poderemos perceber como estamos passivos diante da vida. Aceitamos tudo, nos conformamos com tudo. "Tudo é normal"," é assim mesmo", "pelos menos isso"... Cadê nossa indignação?
Como confabulei anteriormente, pagamos impostos caros, de primeiríssima e nos conformamos com serviços públicos de terceira. Nos indignamos com a violência, mas só em determinados casos que ganham a atenção da mídia, como o do assassinato da menina Isabela Nardone. Mas ficamos passivos quando alguém é assaltado sob as nossas vistas ou com tantas crianças que morrem por falta de assistência porque seus pais, sem formação e sem emprego, não têm como pagar um plano de saúde.
Salvador ontem praticamente parou, principalmente em seu miolo (Centro), por causa da chuva. As ruas ficaram alagadas porque a rede de drenagem de águas pluviais praticamente inexiste na cidade e nas áreas em que tem o lixo jogado pelos mal educados - seja pobre ou rico -obstrui. Claro que São Pedro despejou bastante água sobre nossas cabeças.
Quando estávamos fazendo reforma da casa onde moramos, o pedreiro insistia - e convencia meu marido - que não era necessário impermeabilizar a base onde seria erguida uma nova parede. " Você acha que quando essa casa foi construída teve impermeabilização?", me questionavam. Respondi, à época, que certamente não, mas que não devíamos repetir o erro. A casa agora era nossa e tínhamos que fazer a coisa certa sob risco de sofrer as consequências com paredes úmidas. Bati pé e bati boca, mas fiz com que a impermeabilização prévia acontecesse.
Creio que está faltando em nós o sentimento de posse. Moramos na cidade, pagamos impostos e serviços públicos caros; portanto, precisamos exigir dos governantes que façam a coisa certa e exigir de nós a mesma coisa. Cobrar que os impostos sejam revertidos em infra-estrutura social, não jogar lixo na rua e ser solidário com o próximo ( claro que não devemos bancar os heróis e colocar em risco a vida dos outros e a nossa) já é um bom começo.
Vamos nos indignar, gente! Vamos acordar para a vida. Vamos parar de olhar aquele que tem coragem de se indignar como se fosse um ET, um inconveniente. Juntos, somos fortes. Individualmente não somos nada.
Espero que tenha ido ver a peça, depois desse texto. Um abraço.
ResponderExcluir