O jornalista colombiano Javier Dario Restrepo, especialista em ética, ganhador do Prêmio Latino -americano de ética jornalística, ( outorgado pelo Centro Latino de Periodismo e Universidade Internacional da Flérica, em 1997), autor de vários livros sobre o tema e fundador da Comissão de Ética do Circulo de Jornalistas de Bogotá, diz em entrevista na revista Imprensa de setembro, que:
" o jornalismo é essencialmente público. Somos jornalistas para toda aContinuo discordando de quem tem esse ponto de vista. Já há algum tempo muitos jornalistas, como eu, têm questionado se o seu trabalho e de tantos outros colegas em redações - rádio, televisão, jornal ou internet - está realmente a serviço da sociedade. Em muitos casos estão a serviço dos interesses do patrão. Ou a serviço da fofoca, seja ela política, artística ou outra. Exemplo: a cobertura dos poderes legislativos por parte dos jornais se limitam às questões políticas - e muitas politiqueiras. Poucas vezes são divulgados projetos de interesse da sociedade apresentados por deputados ou vereadores. A informação é sempre produzida e encaminhada como release para as redações, para que sirvam, ao menos, como pauta. A poucas questões é dada atenção.
sociedade. A informação tem sua razão de ser. A sociedade, para ser livre, precisa conhecer a realidade. Há uma conexão muito estreita entre conhecimento jornalístico e liberdade. É a condição de liberdade que dá ao jornalismo toda a sua dignidade. O jornalista deve estar a serviço de toda a sociedade, não de uma parte. Quando o jornalista se coloca a serviço de uma empresa, recorta seu campo de ação e sua
dignidade. Se torna um propagandista. E a propaganda, por sua própria natureza, é a visão parcial da realidade. Jornalismo é a visão integral de toda realidade. O jornalista se degrada quando deixa estar serviço de todos e se coloca a serviço de uma empresa, um governo, partido político ou religião."
Quem continua a pensar como o colega colombiano nunca pisou em uma assessoria de comunicação e não sabe como é feito o trabalho. O AI é um jornalista com multi funções - é pauteiro, chefe de reportagem, repórter, redator e editor. Tem que colher informação, cobrir eventos, sugerir pautas aos jornais, entrevistar não apenas o assessorado mais pessoas que participam dos eventos, atender os colegas das redações.... E isso não é fazer jornalismo?
Bom, pensando bem, é mais do que fazer jornalismo... é fazer comunicação. E que tem que ser bem feita, senão a sociedade pode ficar sem saber coisas que são do seu interesse, mas os donos dos veiculos de comunicação não deixam ser publicadas por interesse político, econômico ou picuinha pessoal. Os milhares de jornalistas que, como eu, fazem assessoria de imprensa, sabem muito bem o que digo. Milhares que estão em redações, também.
Tá mais é na hora de acabar com esse purismo e concentrarmos todas as nossas energias para lutarmos pela inclusão de Assessor de Imprensa como uma das funções do jornalista na lei que regulamenta nossa profissão. Enquanto isso não acontece, trabalhamos por cinco e ganhamos por, no máximo, um. Você pensa o quê? Você sugere o quê?
Não sou jornalista... quer dizer... não me formei jornalista. Mas, por ter pai jornalista, tenho no sangue o amor pelas notícias e os ventres mentais por onde elas são colhidas, gestadas, pesadas, preparadas, pois ser jornalista é também uma tarefa de altíssima responsabilidade. O assessor de imprensa é alguém imprescindível para aquele que de alguma forma vai gerar notícia. O empresário, o administrador, enfim, aquele que tem de lidar com a informação para o público tem no AI um elemento sine qua non, dada a experiência e a noção da forma pela qual se deve propagar idéias e acontecimentos. Jogar um evento qualquer em jornais, de maneira impensada, é o mesmo que dirigir um carro irresponsavelmente. Não se chega a lugar nenhum ou, quando muito, chega-se aos piores lugares. Pode-se dizer tudo, mas não se deve dizer tudo de qualquer maneira. Aí está o valor inestimável de um Assessor de Imprensa.
ResponderExcluirÉrico Penna
Como é bom ter pessoas que reconhecem o valor do Assessor de Imprensa. Valeu, Érico.
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