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Me gusta Argentina. Me gusta los hermanos.



A richa no futebol entre o Brasil e a Argentina é clara. Aqui, nosso eterno rei é Pelé. Lá, Don Diego Maradona. Um lado sempre defendendo que o seu ídolo foi melhor que o do outro quando estavam na ativa pelos campos afora. 

Essa disputa é até engraçada, mas perde a graça quando se tenta levar essa briga para o dia a dia, principalmente no turismo. Antes de iniciar minhas viagens pela América do Sul sempre ouvi dizer que os argentinos eram mal educados e que tentavam passar a perna nos turistas brasileiros. Quando iniciei o curso de espanhol uma colega de turma destilou veneno contra os argentinos com argumentos semelhantes. Com tanta referência ruim, dava até medo de ir lá ao país vizinho.

Nas férias deste ano passei pela Argentina e trouxe uma cerveja para um amigo. Ao recebê-la, ele perguntou se estava envenenada. Oxe! Envenenada?!?! Por que estaria? “Sei lá, veio da Argentina e dizem que eles sempre tentam sacanear com os brasileiros”, respondeu-me. Taí... Fiquei boba! Isso é uma maluquice!

Em Mendonza ouvindo sobre vinhos.
 Por três anos seguidos eu e meu marido escolhemos percorrer pedaços da Argentina. Em 2011, quando fomos conhecer o trecho do Chile e Argentina contornados pela Cordilheira dos Andes, ficamos quase 15 dias entre San Martin de Los Andes, Bariloche e Mendonza, a terra do vinho. Em 2012, nossa escolha foi pelo Uruguai e Argentina. Passamos então por Buenos Aires, Mar Del Plata e San Antonio de Areco, passando ainda pelo Tigre com seu delta. Neste ano, como queríamos reviver a aventura de esquiar, voltamos ao Chile e Argentina, revisitando Buenos Aires, San Martin e Bariloche. Além de ter a oportunidade de conhecer cidades lindas, como Buenos Aires- com suas largas e floridas avenidas - e San Martin de Los Andes, um pedacinho Europa, cruzamos com muita gente simpática e gentil. Gente bonita. Gente hermana.

Em Buenos Aires essa gentil hermana se  ofereceu para nos ajudar
Como diz uma parábola, encontramos nos lugares aonde vamos aquilo que levamos no coração.  Meu marido e eu somos mais viageiros (ou viajantes) que turistas. Quando viajamos, abrimos nossa alma para aproveitar o que tiver de melhor nos lugares e suas pessoas. Quando falo o melhor não significa o mais caro. Simplesmente o melhor . Gosto de conversar. Tenho o bom costume de cumprimentar as pessoas, de pedir com educação e de agradecer a atenção ou o serviço que recebo.

Tenho procurado estudar (menos do que eu gostaria e deveria) pra falar pelo menos um pouquinho de espanhol, uma vez que temos visitado anualmente um ou dois países vizinhos da nossa linda América do Sul. Considero que, dessa forma, a conversa com as pessoas de lá pode fluir mais assim. Mas garanto que o que vejo nessas viagens são brasileiros que pensam diferente de mim. Conterrâneos arrogantes circulando pelas terras argentinas, esbanjando um dinheiro que provavelmente lhes fará falta. Brasileiros que exigem que os vendedores mais humildes entendam seu português gritado e acelerado; que se comportam com estardalhaço e falta de educação. Como se diz na minha terra, Paulo Afonso (BA), chegam aos montes sem se importarem de agirem como amundiçados (mal educados ao extremo).

Meu marido atribui essa bobagem de richa a Galvão Bueno.Da minha parte, penso que no futebol deve ganhar o melhor. Mas melhor será que na relação entre povos essas diferenças sejam anuladas.  Que meu amigo tenha bebido sua cerveja sem medo e com prazer.

Da minha parte, me gusta Argentina. Me gusta los hermanos.

Comentários

  1. Eu sou super suspeita pra falar viu? Argentina é minha segunda casa,amo aquele povo, nunca fui tao bem recebida e fiz amigos pra toda vida. Tenho uma relaçao muito forte com aquela terra e esse negoço de rivalidade só acredita quem nunca foi...Eu sou super suspeita pra falar viu? Argentina é minha segunda casa,amo aquele povo, nunca fui tao bem recebida e fiz amigos pra toda vida. Tenho uma relaçao muito forte com aquela terra e esse negoço de rivalidade só acredita quem nunca foi...

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  2. São as eternas lendas e/ou preconceitos que algumas pessoas gostam de sustentar como: baiano=preguiçoso, carioca=malandro gaúcho=homo e por ai lá vai, muitas vezes isso parte de quem se quer nunca conheceu um argentino no Brasil e na maioria das vezes de quem nunca botou os pés por lá. Fiquei pouquíssimo tempo em terras argentinas (7 dias em 2011), mas sinceramente não tenho o que falar mal do lugar e muito menos das pessoas. Sueli tem amigo argentino que conhecemos aqui no Rio em 2006 se não me engano, pessoa gente fina, alto astral, educado. Com relação a falta de educação vejo muita gente de outras partes do Brasil fazendo feio aqui no Rio, pelo fato de ter grana no bolso pensam que podem tudo... muitos são mal educados, tem dindin, mas não tem um pingo de educação e quando podem viajar pensam que são os reis do mundo e ai já viu, é de dar vergonha... bjs

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