Sabe quando você está nostálgico e morre de saudade de certos tempos? Não que os tempos atuais estejam ruins, mas a distância e a falta de contato com pessoas que compartilharam bons momentos faz dessas coisas. E assim estava eu já há alguns anos por não conseguir localizar os colegas com quem dividi os bancos do curso de jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco, concluído em 1984.
No auge do Orkut, catei todo mundo. Nada. Veio o Linkedin. Busquei pelo grupo da Unicap. Nada também.
A saudade aumentava no peito. Poxa! São 28 anos de formatura e nos perdemos totalmente de vista. Ainda via Mônica Silveira, repórter da TV Globo Recife, que não formou conosco mas cursou boa parte. Também via o nome de Sônia Azoubel em algumas edições na mesma emissora, em matérias nacionais. Sabia que Neyde Conde estava na Assessoria de Comunicação da Chesf... será que ainda estava?
Veio, então, o Facebook como a salvação da pátria. Ou melhor, a salvação para a minha saudade. Saí fazendo a mesma busca, desta vez associando-a com o Google. A primeira a localizar foi Ivana Moura, da editoria de Cultura do Diário de Pernambuco. Através de uma matéria no Google descobri que escrevia em um blog. Depois encontrei Abiud Gomes, com sua alegria sem fim... e Roberto Neves... Gisela Didier... Flávia Gusmão... Djalma Agripino Melo Filho, que também se formou em Medicina e preferiu seguir essa profissão.
Através de um encontrei outro... e outro... e outra... e a rede foi se formando, conectando grande parte daqueles jovens da década de 1980. E assim o nosso primeiro encontro foi planejado a partir do final de junho. Tão logo se configurou a data comprei minha passagem de avião. Seria em 24 de novembro, uma semana depois do meu retorno das férias.
De lá de Pernambuco Djalma, Gisela e Flávia viam o local. De cá, eu continuava fazendo minhas buscas pra ter o time inteiro. Também pelo Google consegui localizar Lindemberg ( nosso Junior Bó) lá na Flórida (EUA) e descobri que ele é o organizador do Carnaval Santa Bárbara, lá nos States, que completará 10 anos em 2013.
Eu não aguentava de ansiedade. Viajei com meu marido e um casal de amigos pro Uruguai e Argentina, fiz caminhadas belíssimas mas, ao parar, a cabeça voltava para o encontro. É claro que pelo perfil no Facebook já sabíamos como estávamos cada um. Mas pela rede não dava pra abraçar, conversar, saber como estava e o que fazia. Casou? Tem filhos? Tá trabalhando na área? Seria um encontro... reencontro de tagarelas.
Voltei das férias e na véspera nem queria sair pra noite passar rápido. Mas meu marido me convenceu a ir encontrar nossos vizinhos-amigos, a quem não víamos desde que chegamos, havia uma semana. Tá bom, mas vamos voltar cedo, avisei. E voltamos. Não queria esquecer nenhum detalhe. Nem mesmo as fitinhas do Senhor do Bonfim para abençoar a todos.
Na ansiedade cometi dois errinhos. Ao colocar o alarme para despertar às 3h30 (meu voo era às 5h20), não conferi o dia em que tocaria. Normalmente deixo de segunda a sexta-feira. E a viagem era no sábado. O segundo erro foi beber cerveja. Dois copos foi o suficiente para me fazer relaxar e dormir profundamente. Sem o despertador tocar só acordei quando vi luz na janela. Desesperada, olhei o relógio: 5 horas. Pulei da cama gritando. Porra!!! perdi o voo!! Vamos, vamos!! Tadinho do meu marido. Levantou mais atordoado que eu. Nos vestimos e corremos pro Aeroporto (ainda bem que moro perto). "E agora, será que você consegue embarcar em outro?". Claro! Vou nem que seja na mala de alguém. Estava quase aos prantos, sufocando o choro pra não perder a esperança.
Fui direto no balcão da TAM. Cheguei abanando meu voucher e dizendo que perdi o voo. As lágrimas já estavam marejando os olhos. A educada moça disse que só tinha outro à noite. Não posso, tenho que chegar lá ao meio-dia. " Se a senhora tivesse chegado um pouquinho mais cedo poderia ter embarcado em um com conexão pro Rio". Ai, meu Deus! Por favor, moça! Certamente com pena pelo meu desespero ela disse: " Peraí. Tem um saindo às 8h30, mas a senhora só chegará lá às 15h20, porque ele vai por São Paulo". Não tem problema. Eu tenho é que chegar lá ainda de dia. Muito obrigada. Muito obrigada, agradeci emocionada. A TAM me embarcou em outro avião sem custo adicional, por causa das confusões criadas pelo fato de Salvador ter saído, de última hora, da programação do horário de verão. Que bom pra mim. Valeu TAM!
Aliviada, era hora de avisar minha irmã e pedir pra ela avisar Rosineide, uma das amigas que participaria do encontro. Com essa nunca perdi o contato (mas ela só concluiu conosco; foi da turma anterior). Nunca um voo pareceu tão longo. De Garulhos pro Recife, então, foi uma eternidade. Ainda de São Paulo liguei de novo pra minha irmã. "Diga a Rosineide pra falar pra galera me esperar, por favor"! Calma, respondia ela. Como calma, se eu tinha me planejado há quase quatro meses pra chegar na hora H e corria o risco de não encontrar meus amigos?
Cheguei no horário previsto e já era esperada por minha irmã Vitória, minha mãe e meu sobrinho Thiago. Fomos o mais rápido que Thiago pode. O aeroporto do Recife fica longe do apartamento de minha irmã. Em casa, Rosineide já estava de prontidão. Ainda fomos no endereço errado por minha causa, mas conseguimos chegar no Botequim da Hora e encontrar muitos dos que disseram que iam. Alguns já tinham saído (poucos). Cheguei acenando com minhas fitinhas do Senhor do Bonfim, embalada pelo samba tocado pelo grupo de partido alto no bar. Pense na felicidade que nem cabia no meu peito! Ficamos por ali até pelo menos às 19 horas, atualizando as informações sobre as nossas vidas, fazendo fotos... confraternizando, graças ao Google, ao Facebook e à TAM.
Infelizmente Junior Bó não veio da Flórida, André Avelino ficou preso em Salvador por causa do trabalho, Neyde Conde, Ana Dubeux, Ivana Moura e outros também tiveram seus motivos para não ir ao encontro e se lamentaram. A viagem me permitiu, ainda, o reencontro com dois amigos do pré-vestibular: Nanci Figueiredo e Alexandre Fragoso. Deste vocês terão notícias mais à frente, porque estamos desenvolvendo um projeto de um livro onde eu escrevo e ele ilustra. Aguardem.
Voltei pra minha rotina em Salvador cansada, mas feliz... muito feliz! Nada tão bom como reencontrar amigos, mesmo que eu tenha dificultado tudo. Vai ver que é porque eu gosto das coisas com muita emoção.
No auge do Orkut, catei todo mundo. Nada. Veio o Linkedin. Busquei pelo grupo da Unicap. Nada também.
A saudade aumentava no peito. Poxa! São 28 anos de formatura e nos perdemos totalmente de vista. Ainda via Mônica Silveira, repórter da TV Globo Recife, que não formou conosco mas cursou boa parte. Também via o nome de Sônia Azoubel em algumas edições na mesma emissora, em matérias nacionais. Sabia que Neyde Conde estava na Assessoria de Comunicação da Chesf... será que ainda estava?
Veio, então, o Facebook como a salvação da pátria. Ou melhor, a salvação para a minha saudade. Saí fazendo a mesma busca, desta vez associando-a com o Google. A primeira a localizar foi Ivana Moura, da editoria de Cultura do Diário de Pernambuco. Através de uma matéria no Google descobri que escrevia em um blog. Depois encontrei Abiud Gomes, com sua alegria sem fim... e Roberto Neves... Gisela Didier... Flávia Gusmão... Djalma Agripino Melo Filho, que também se formou em Medicina e preferiu seguir essa profissão.
Através de um encontrei outro... e outro... e outra... e a rede foi se formando, conectando grande parte daqueles jovens da década de 1980. E assim o nosso primeiro encontro foi planejado a partir do final de junho. Tão logo se configurou a data comprei minha passagem de avião. Seria em 24 de novembro, uma semana depois do meu retorno das férias.
De lá de Pernambuco Djalma, Gisela e Flávia viam o local. De cá, eu continuava fazendo minhas buscas pra ter o time inteiro. Também pelo Google consegui localizar Lindemberg ( nosso Junior Bó) lá na Flórida (EUA) e descobri que ele é o organizador do Carnaval Santa Bárbara, lá nos States, que completará 10 anos em 2013.
Eu não aguentava de ansiedade. Viajei com meu marido e um casal de amigos pro Uruguai e Argentina, fiz caminhadas belíssimas mas, ao parar, a cabeça voltava para o encontro. É claro que pelo perfil no Facebook já sabíamos como estávamos cada um. Mas pela rede não dava pra abraçar, conversar, saber como estava e o que fazia. Casou? Tem filhos? Tá trabalhando na área? Seria um encontro... reencontro de tagarelas.
Voltei das férias e na véspera nem queria sair pra noite passar rápido. Mas meu marido me convenceu a ir encontrar nossos vizinhos-amigos, a quem não víamos desde que chegamos, havia uma semana. Tá bom, mas vamos voltar cedo, avisei. E voltamos. Não queria esquecer nenhum detalhe. Nem mesmo as fitinhas do Senhor do Bonfim para abençoar a todos.
Na ansiedade cometi dois errinhos. Ao colocar o alarme para despertar às 3h30 (meu voo era às 5h20), não conferi o dia em que tocaria. Normalmente deixo de segunda a sexta-feira. E a viagem era no sábado. O segundo erro foi beber cerveja. Dois copos foi o suficiente para me fazer relaxar e dormir profundamente. Sem o despertador tocar só acordei quando vi luz na janela. Desesperada, olhei o relógio: 5 horas. Pulei da cama gritando. Porra!!! perdi o voo!! Vamos, vamos!! Tadinho do meu marido. Levantou mais atordoado que eu. Nos vestimos e corremos pro Aeroporto (ainda bem que moro perto). "E agora, será que você consegue embarcar em outro?". Claro! Vou nem que seja na mala de alguém. Estava quase aos prantos, sufocando o choro pra não perder a esperança.
Fui direto no balcão da TAM. Cheguei abanando meu voucher e dizendo que perdi o voo. As lágrimas já estavam marejando os olhos. A educada moça disse que só tinha outro à noite. Não posso, tenho que chegar lá ao meio-dia. " Se a senhora tivesse chegado um pouquinho mais cedo poderia ter embarcado em um com conexão pro Rio". Ai, meu Deus! Por favor, moça! Certamente com pena pelo meu desespero ela disse: " Peraí. Tem um saindo às 8h30, mas a senhora só chegará lá às 15h20, porque ele vai por São Paulo". Não tem problema. Eu tenho é que chegar lá ainda de dia. Muito obrigada. Muito obrigada, agradeci emocionada. A TAM me embarcou em outro avião sem custo adicional, por causa das confusões criadas pelo fato de Salvador ter saído, de última hora, da programação do horário de verão. Que bom pra mim. Valeu TAM!
Aliviada, era hora de avisar minha irmã e pedir pra ela avisar Rosineide, uma das amigas que participaria do encontro. Com essa nunca perdi o contato (mas ela só concluiu conosco; foi da turma anterior). Nunca um voo pareceu tão longo. De Garulhos pro Recife, então, foi uma eternidade. Ainda de São Paulo liguei de novo pra minha irmã. "Diga a Rosineide pra falar pra galera me esperar, por favor"! Calma, respondia ela. Como calma, se eu tinha me planejado há quase quatro meses pra chegar na hora H e corria o risco de não encontrar meus amigos?
Cheguei no horário previsto e já era esperada por minha irmã Vitória, minha mãe e meu sobrinho Thiago. Fomos o mais rápido que Thiago pode. O aeroporto do Recife fica longe do apartamento de minha irmã. Em casa, Rosineide já estava de prontidão. Ainda fomos no endereço errado por minha causa, mas conseguimos chegar no Botequim da Hora e encontrar muitos dos que disseram que iam. Alguns já tinham saído (poucos). Cheguei acenando com minhas fitinhas do Senhor do Bonfim, embalada pelo samba tocado pelo grupo de partido alto no bar. Pense na felicidade que nem cabia no meu peito! Ficamos por ali até pelo menos às 19 horas, atualizando as informações sobre as nossas vidas, fazendo fotos... confraternizando, graças ao Google, ao Facebook e à TAM.
Infelizmente Junior Bó não veio da Flórida, André Avelino ficou preso em Salvador por causa do trabalho, Neyde Conde, Ana Dubeux, Ivana Moura e outros também tiveram seus motivos para não ir ao encontro e se lamentaram. A viagem me permitiu, ainda, o reencontro com dois amigos do pré-vestibular: Nanci Figueiredo e Alexandre Fragoso. Deste vocês terão notícias mais à frente, porque estamos desenvolvendo um projeto de um livro onde eu escrevo e ele ilustra. Aguardem.
Voltei pra minha rotina em Salvador cansada, mas feliz... muito feliz! Nada tão bom como reencontrar amigos, mesmo que eu tenha dificultado tudo. Vai ver que é porque eu gosto das coisas com muita emoção.
Vinha sempre querida Vanda. Você foi fantástica. Fico feliz por ter lhe proporcionado esse momento feliz. Todo essa dificuldade vai marcar mais ainda esse reencontro. Fique certa de uma coisa: somos felizes por tê-la como amiga e colega de turma. Você é e será sempre inesquecível para nós todos. George Orwell não passou por aqui, mas está registrado. Beijão e muito axé.
ResponderExcluirTe encontrar bem e com saúde foi muito bom, Abiud. Agora aguardo a sua vinda na Bahia.
ExcluirLinda crônica, emocionante e sincer
ResponderExcluirPena que na correria esquecei de levar o seu livro pra vc autografar. Da próxima vez que eu for aí levarei.
ExcluirEu agradeço a sua turma da faculdade por ter marcado esse encontro, pq só assim eu e Alexandre (amigos do 3º ano científico - Colégio Boa Vista), pudemos desfrutar de sua companhia no domingo a tarde. Adorei, ou melhor, adoramos. Bj.
ResponderExcluirNa nossa vida cotidiana sempre nos deparamos com jornadas (viagens) semelhantes à dos heróis míticos, como destaca Joseph Campbell. Revisitar o passado que nos transformou é sempre uma boa aventura. Foi bom você ter chegado em tempo. Daqui envio lembranças a essa cidade em que você vive. Sempre me recordo do largo do Rio Vermelho onde comia acarajé (com tudo, menos pimenta) e depois, uma cocada com trilhões de calorias. Bons tempos aqueles em que vivi em Salvador no início da década de 1990. Abraço com a prosperidade de Oxum.
ResponderExcluirParabéns, Vanda. Quando a vontade é maior que os obstáculos, é assim.
ResponderExcluirVivo muito ocupada e não faço parte de grupos da internet. Daí não ter visto antes a sua crônica. Muito interessante. Meu abraço. Miriam