Pular para o conteúdo principal

Quero um orla mais bonita em Salvador

Você consegue ficar alegre e triste ao mesmo tempo? Eu sim. E me sinto assim em relação à cidade de Salvador, onde vivo há 21 anos, 9 meses e 17 dias. Aqui sou feliz. Tenho amor, família, amigos, trabalho, parceiros profissionais. Tenho a oportunidade de ver o mar lindo todos os dias ao sair de casa para o trabalho ou pro lazer. Tenho a chance de acordar com os passarinhos - de diversos tipos - cantando. Por isso estou alegre.

Mas fico triste ao ver que Salvador está ficando pra trás quando se fala de conforto e atrativos para turistas e moradores da própria cidade. Nossa orla, bela, é obsoleta. Serve apenas para a caminhada, o cooper ou a bicicleta. 

Fico mais triste ainda quando  tenho a oportunidade de ver que outras capitais do Nordeste estão investindo nessa infraestrutura. Assim tem sido com Aracaju, que reformou Atalaia, sua principal parte da orla urbana; com Recife, que reformou o calçadão e os quiosques que vão do Pina à Boa Viagem; e com João Pessoa, que investiu na orla, no trecho que vai do Cabo Branco a Tambaú, passando também pelo Bessa.

Por do sol na Praia do Jacaré, ao som do Bolero de Ravel tocado por Jurandy do Sax

Em João Pessoa, onde o calor tem chegado a mais de 36 graus, o calçadão tem sido invadido, no bom sentido, nas noites das sextas-feiras, sábados e domingos. Um encontro plural, com várias "tribos" convivendo em harmonia: os motociclistas coroas com suas  Harley Davidson, os pré-adolescentes com patins; os adolescentes e jovens na paquera; os adultos sentados em cadeiras que levaram de casa bebendo cerveja ou sentados nas dezenas de quiosques-bares espalhados em distâncias médias de 200 metros um do outro. Além de papais e mamães com seus bebês em carrinhos.

João Pessoa, aliás, tem feito boas investidas, como a tapiocaria ( não sei se esse é o nome, foi eu que titulei assim) em Tambaú, ao lado de  um dos mercados de artesanato e reunindo pelo menos 20 box que vendem tapioca ( ou beiju, como falam aqui em Salvador), macaxeira (aipim) com charque (carne de sertão) ou carne de sol, rubacão e outros pratos típicos da região. Tudo arrumadinho (também tem esse prato), com ótimos preços e generosas porções.

Os preços nos bares e barracas de praia de João Pessoa também são mais belos que em Salvador. Nosso bolso agradece. Enquanto aqui não encontramos um caragueijo por menor de R$ 4 a unidade, lá comemos por R$ 1,60. Cerveja Skol a R$ 3,50 ( Salvador - +-R$ 5). além disso, a churrascaria Sal e Brasa, com promoção de domingo a quinta-feira, oferece rodízio a R$19,90. Aqui, no mínimo, é R$ 35. Por que será?  

Por que não podemos ter intervenções como essa em Salvador? Por que  não podemos aproveitar melhor a orla, principalmente nas áreas mais largas, a exemplo do trecho da Boca do Rio, Piatã, Ondina e parte do Rio Vermelho? Por que temos que ser "assaltados" com preços abusivos em bares, barracas e restaurantes em Salvador?

É pelo amor que aprendi a ter por Salvador que consigo a proeza de ficar alegre e triste ao mesmo tempo.

Mas, e você? Se mora em Salvador, o que acha da nossa orla? Se não mora, mas ama essa cidade como eu, o que lhe atrai aqui? Aguardo sua opinião.

Comentários

  1. Somos felizes por morar nesta linda cidade, porém ela está sem estrutura e mal administrada pela prefeitura e pelo Estado. Suja, violenta e sem os devidos cuidados.
    Roriz

    ResponderExcluir
  2. Realmente, ainda espero ver nossa bela orla mais linda e maravilhosa, tornando mais prazerosa a nossa encantada Salvador. Nesse mais um aniversário ela merecia esse presente. Também espero não ver tanto lixo espalhado pelos quatros cantos da cidade, especialmente nos bairros periféricos. Vá à Fazenda Grande do Retiro. num domingo, por exemplo, e saberás do que estou falando. Mas a esperança deve continuar sendo a última a morrer...
    Isabel

    ResponderExcluir
  3. Que bom que vc tem isso assim. logali. Aproveite bem isso e valorize muito...Aqui em SP é só poluição e prédio, prédio, prédio.
    Ahh, tem transito tb.
    Mas o legal é que tudo acontece aqui.

    Bjs,

    Duh

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Quantas moradas tem o seu afeto?

Vanda Amorim · Quantas moradas tem o seu afeto Onde é o seu lugar, o seu lar? Temos um único lar, uma única família ou, como diz na Bíblia sobre a "Casa do Pai", também podemos ter muitas moradas? Acredito nas muitas moradas de Deus e na possibilidade de muitas moradas nossas, nas devidas proporções, claro! Comecei a refletir sobre isso ao acordar hoje, dia em que completo 32 anos que cheguei a Salvador, e resolvi confabular com vocês. Minha morada inicial nesta encarnação é Paulo Afonso - BA. Ali fui recebida por meus pais, Nilton e Nicinha, e por cinco irmãos (três meninas e dois meninos); também por meus avós maternos, Zezinho e Minice, e por tias, tios, primas e primos. Depois recebi com minha família outras cinco irmãs.  E depois mais cinco irmãs e um irmão, trazidos só por meu pai, em nova união. Meu coração aprendeu a amar ali.  Muitos dos que alimentaram este coração já retornaram ao lar espiritual: meus avós, tias e tios. Do lado materno só Manezinho prossegue c

O Filho de Jesus

O papa Bento XVI, recentemente, indignou muita gente mundo afora ao declarar que cristãos são apenas os católicos. Cristão, pelo que tenho estudado, é aquele que segue os ensinamentos deixados por Jesus Cristo, sendo o maior " Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo". Jesus Cristo foi um líder - é um líder. E é comum que seguidores de líderes sejam cunhados com algum termo quer faça referência ao líder. Assim é com os budistas. Na política acontece a mesma coisa. Os liderados por ACM eram (são) carlistas; tem (ou tinha) os waldiristas, vianistas, soutistas, lulistas... Mas não quero confabular sobre política partidária. Portanto, voltemos ao tema Cristo. No final da semana passada surgiu uma nova teoria sobre o quadro " A Última Ceia", de Leonardo da Vinci, foco de especulações em todo o mundo desde que o romancista Dan Brown baseou seu livro "O Código Da Vinci" na obra, argumentando em sua história que Jesus casou-se com Maria Madal

A dor dos filhos "bastardos"

Hoje, ao fazer cobertura do trabalho dos defensores públicos na Ação Cidadã Sou Pai responsável, no bairro da Liberdade, em Salvador, tive a oportunidade de confirmar a fragilidade das relações dos casais da atualidade e o buraco deixado em muitos por uma legislação marcada pelo preconceito, embora já justamente corrigida. No Centro Social Urbano da Liberdade passaram mais de 100 pessoas, a convite da Defensoria Pública, que busca estimular a paternidade responsável e oferece exame de DNA gratuito. Tive a oportunidade de conversar com alguns, que me autorizaram relatar os seus dramas. Gostaria de contar a história de Arivaldo José Veloso (foto), 54 anos. Ele conviveu por toda a sua vida com o estigma de " filho bastardo", imputado por uma legislação preconceituosa. Durante a infância não sentiu muito o peso desta condição. Mas, ao se tornar adulto e ser questionado, todas as vezes em que apresentava a carteira de identidade (RG), o porque de não ter o nome do pai, começou a f