Entregar o filho à polícia é um ato de amor? |
Ficou na minha cabeça a reportagem de uma mãe que entregou à polícia, em Brasília, o filho de 13 anos e mais três coleguinhas - também menores de idade, que tinham furtado um mercado. Como muitos viram nas TVs e outros veículos de comunicação, a mãe viu o grupo dividindo o que tinha roubado e levou todos para a Delegacia da Criança e do Adolescente. Ela está sendo ameaçada pela família de um dos adolescentes, mas continua firme no seu propósito.
Esta mãe não admite ficar passando a mão na cabeça do filho, fazendo de conta que nada acontece enquanto ele assalta. Com assertividade, ela quer mostrar ao filho que não concorda com os seus atos e que ele precisa, desde já, aprender a arcar com as consequências dos atos dele. Acredita que assim estará dando ao filho a chance de ver se é isso o que ele realmente quer para vida dele.
Coitada dessa mãe. Como deve estar sendo crucificada por milhares de pessoas que acham que mãe deve proteger a cria de tudo e de todos, e em qualquer situação.
Que valente essa mãe. Que demonstração de amor. Com certeza deve estar sendo admirada e elogiada por outras milhares de pessoas que acreditam ser necessário saber dizer não numa relação de amor, principalmente entre pais e filhos. Eu me incluo nesse grupo, mesmo sem saber se teria coragem de fazer o mesmo que ela. O mais provável é que, como muitos, procurasse punir o meu filho no escondido do meu lar, para que "os outros" não soubessem. Como se "os outros" já não soubessem do que o filho estaria aprontando.
Essa mãe também declarou que procura ajuda psicológica para o filho há dois anos. Como o filho já foi apreendido (a forma técnica de dizer que um menor de idade foi preso) anteriormente, podemos traduzir que esse garoto já está se desviando do caminho do bem desde os 11 anos, pelo menos. Ou até antes, não sabemos.
O que está acontecendo com as nossas famílias? Cada vez mais acho que meu marido está certo ao dizer que tudo começou a degringolar quando as mães saíram de casa para trabalhar. Claro que tem lares em que as mães estão em casa e nem por isso os filhos estão dando menos problemas. Será que estamos cumprindo bem nossa tarefa? Não somos nós os responsáveis pela lapidação desses a quem recebemos como filhos? Será que estamos sendo incapazes de perceber as possibilidades de desvios que são acenadas desde a infância, na maioria dos casos? Se sim, por quê?
Confabule comigo. Como você age em seu lar? Você sabe dizer não aos seus filhos? Você teria a coragem dessa mãe de Brasília?
Comentários
Postar um comentário