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O drama de ter alguém da família que usa drogas



Em um momento em que vemos adolescentes e jovens de toda a sociedade - sejam de famílias pobres, classe média ou ricas - sucumbirem à tentação das drogas, a inserção, por Sílvio de Abreu, do envolvimento com drogas pelo personagem Danilo na novela Passione, da Rede Globo - um atleta, de família rica em dinheiro, mas pobre em harmonia - é muito oportuna.

A reação da família, em especial da mãe - Stela , vivida por Maitê Proença, deve servir de alerta para quem já convive com o problema ou venha a conviver. Ninguém está livre de viver este inferno. Sim, é um inferno psicológico, emocional e financeiro.

As cenas que mostraram a mãe cedendo ao filho, acreditando nele e desistindo de mandá-lo de volta para a clínica de onde fugiu quando o organismo sentiu mais forte a necessidade da droga, foram muito fortes. E certamente fez muitos corações que já viveram momentos parecidos, a exemplo do meu, ficar apertado.

Stela está errada. Sinval, o filho mais jovem e o mais equilibrado da família, está certo. Danilo não fugiu porque a Clínica é ruim; o fez porque sentiu falta da droga. Stela perceberá o seu erro em breve. Como confirmei quando do tratamento de alguém próximo a mim na clínica Vila Serena, em Lauro de Freitas, Salvador, a família tem que aprender a exercitar o não, a confiar desconfiando. Digo confirmei porque sempre entendi que temos que amar, mas ser atentos e firmes pra saber a hora de dizer sim e de dizer não.

Danilo, como todos os que sucumbem às drogas, sejam elas lícitas (álcool e cigarro) ou ilícitas( cocaína, crack, maconha...), não está mentindo quando diz que não vai usar mais, que não quer mais, que vai conseguir se controlar. Essa vontade existe, de fato, dentro dele (os terapeutas que bem o sabem). Mas o dano, a dependência gerada pela droga no organismo fala mais alto. Aliada a uma fragilidade psicológica e, acrescento, espiritual (principalmente), o adicto (aquele que se tornou dependente da droga) volta a fazer uso. Ele passa a ser manipulador para alcançar seus objetivos; agressivo para vencer os empecilhos; cego para os riscos que suas ações envolvem ao roubar para conseguir dinheiro para comprar a droga. Essas características, em minha opinião, já poderiam existir na pessoa, embora nunca ativadas antes das drogas.

Mas o amor de Stela é importante, se Sílvio Abreu também a torná-la firme, mais à frente. O amor é a melhor arma. Dar votos de confiança é também importante. Somos seres mutantes e capazes de nos transformar para o bem ou para o mal. Ah! E para a internação ter sucesso, a pessoa precisa querer ser tratada.

Bom lembrar que, na espiritualidade, a ajuda só chega àqueles que a pedem. O livre arbítrio é respeitado até nesses momentos. Mas, cá pra nós, aqui, enquanto encarnados, não é nada fácil ver alguém que amamos se entregando às drogas sem tentar conduzi-lo, na marra mesmo, para o que acreditamos ser a salvação. Bom lembrar que fazer as vontades e ceder às pressões e às chantagens não ajuda em nada.

E você? Já viveu uma situação parecida? Já se envolveu com drogas? Como agiu? Como venceu? Confabule conosco.

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