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FIlhos adultos e o apego à casa dos pais


Estou reorganizando minha vida, meu tempo, e logo voltarei a confabular com a frequência que sempre idealizei. Hoje gostaria de falar sobre uma notícia que li no Correio da Bahia. O ministro da Administração Pública da Itália, Renato Brunetta, propôs nova lei para forçar os filhos adultos a saírem da casa dos pais. A sua motivação foi uma decisão judicial na cidade de Bergamo, que obrigou um pai a contribuir para as despesas da filha de 32 anos que ainda mora com a família, embora tenha concluído um curso universitário há oito anos. O ministro defende que os filhos sejam obrigados a deixar a casa dos pais aos 18 anos. Os italianos são os europeus que levam mais tempo para sair de casa.

Essa notícia traz à tona uma antiga discussão, sobre a idade ideal para os filhos saírem da casa dos pais. Por experiência e observação, sempre considerei que os jovens residentes nas cidades interioranas amadurecem mais rápido pela necessidade que tinham de ir para a capital ou uma cidade maior para cursar universidade. Comigo e alguns irmãos, e com muitos amigos, foi assim. Não cheguei a morar em pensionato, como meus irmãos Niltinho e Vitória, mas morávamos sem nossos pais, com dinheiro regrado, enviado mensalmente sem a chance de nova cobertura se por acaso não tívessemos o controle dos gastos. Os pais iam periodicamente em visita. Meu irmão foi estudar "fora" com apenas 16 anos. Minha irmã saiu de casa aos 18 e eu pouco antes de completar 18.

A experiência foi excelente e era comum no interior. Mas, no convívio com amigos em Recife, enquanto estava na faculdade (UNICAP), via que os mesmos estavam nas casas dos pais. E que muitos terminaram a faculdade, trabalhavam, mas continuavam na casa dos pais. O que ganhavam era para eles; nem mesmo uma conta de energia pagavam.

É claro que, com a abertura de faculdades em muitas cidades do interior, a coisa mudou bastante. OS filhos não precisam sair da cidade. Mas terminam o curso e tem menos chance que na capital de conseguir o emprego. E vão ficando na casa dos pais indefinidamente. Até casamentos são adiados.

Hoje, continuo estranhando ver tantos adultos morando na casa dos pais, sem dar uma contribuição para as despesas e ainda brincando de casamento na casa deles com as(os) eternas(os) namoradas. Os pais, que tanto duro deram e tão pouco aproveitaram da vida ( em sua maioria, como os meus), continuam sem recursos e sem privacidade para fazerem o que gostam. Claro que tem pais, principalmente mães, que se submetem a qualquer coisa para ter o filhote junto de si - mesmo que ele tenha idade de constituir sua própria família.

Mas, ter uma lei para dar a oportunidade aos pais para viver as suas próprias vidas depois de os filhos estarem adultos é, mais uma vez, a invasão da lei nos sentimentos. Entendo, e defendo, que cada pai e cada mãe deve ter a capacidade de discernir o que quer para as suas vidas. Viajar periodicamente, por exemplo... como faz bem. Ou até mesmo não fazer nada, mas ter o direito de assistir a televisão no canal que mais gosta, disputando apenas com o companheiro ou companheira ( no caso dos lares em que tem um só aparelho de TV).

É importante, também, que os jovens sejam estimulados à independência - financeira e sentimental. Isso não significa que se quebre o vínculo de amor com a família. Ao contrário. Quanto mais autônomos somos, mas capacidade temos de amar despreendidamente.

E você. Saiu de casa cedo, pretende sair cedo ou vai ficando por aí?

Comentários

  1. E sobre os sinais? Não há necessidade de ser sinais especial de Deus que alguém tem uma vocação para um modo de vida?

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  2. Olá! Interessante o seu ponto de vista Ana, mas acredito que deveríamos atentar também para os jovens, que como eu, desejam sair de casa, mas não ajudam os pais e, assim se deixarem o lar, terão mais despesas. Ou seja, sou estudante de Mestrado, pela Universidade Federal de Pernambuco, consegui a bolsa após muita luta e quando meus pais acreditavam que a mesma não seria mais fornecida, ou seja, apoio para estudar? Nenhum. Ajudo em casa com uma quantia de R$ 200,00 desde que consegui financiamento para fazer a pesquisa de Mestrado. Isso é mais de 10% da renda que eu tenho, escuto que faço isso porque quero, mas se não pagar sei que a situação fica difícil, contas são atrasadas... Enfim... É problema,também estou com o nome no SPC, porque o limite do cartão de crédito foi estourado enquanto não conseguia uma remuneração fixa e tinha que ajudar na alimentação dos meus pais e uma irmã de 24 anos, caçula que estuda na UNICAP. Esta por sua vez, nunca procurou emprego de carteira assinada, fez um estágio de acordo com o curso que escolheu, uma licenciatura, mas o mesmo, lógico acabou e agora ela está sem dinheiro. Namora e como você escreveu, quer levar uma vida de casada com o parceiro, porém ser as responsabilidades de contas para pagar... Aí eu me questiono, aos 27 anos, louca para sair de casa, mas sem uma estabilidade financeira, ainda e tendo que ajudar nas despesas do lar no qual resido, como ficará a minha situação no dia em que eu chegar disser a todos, muito obrigada, foi bom contar com a ajuda de vocês todos estes anos e ajudar também, mas agora vou aproveitar o resto da juventude que tenho e ver se arrumo alguém que me ame e não se assusta com a vida cheia de responsabilidade e contas para pagar, não só minha, por sinal que tenho... Bom acredito que vou ficar bem, contudo e quanto aqueles que tanto lutaram por “meus sonhos”? É nem todos os pais ajudam os filhos, e se ajudam esperam um bom retorno financeiro. Bem que eu gostaria que essa lei vingasse, se o estado me ajudasse com as minhas despesas básicas eu sairia de casa, rapidinho porque não custeio só a minha vida, pago as minhas contas e ajudo, com água, luz, alimentação, passagem, lazer... É, nem sempre os filhos são ingratos é necessário olhar para esses pobres oprimidos e muito sobrecarregados com os pais que têm filhos e não podem mantê-los e depois ainda querem fazer de suas casas uma pensão para os mesmos, obrigada pelo espaço de desabafo e compreensão. Além de tratar de um tema tão difícil. Abraços.

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  3. Desculpe escrevi que o seu nome é Ana, mas é Wanda e colocando, novamente o post, com algumas correções... Espero que você compreenda, abraços e mais uma vez agradeço a atenção.

    Olá! Interessante o seu ponto de vista Wanda, mas acredito que deveríamos atentar também para os jovens, que como eu, desejam sair de casa, mas ajudam os pais e, assim se deixarem o lar, terão mais despesas pagar suas contas e as deles. Ou seja, sou estudante de Mestrado, pela Universidade Federal de Pernambuco, consegui a bolsa após muita luta e quando meus pais acreditavam que a mesma não seria mais fornecida, ou seja, apoio para estudar? Nenhum. Ajudo em casa com uma quantia de R$ 200,00 desde que consegui financiamento para fazer a pesquisa de Mestrado. Isso é mais de 10% da renda que eu tenho, escuto que faço isso porque quero, mas se não pagar sei que a situação fica difícil, contas são atrasadas... Enfim... É problema, também estou com o nome no SPC, porque o limite do cartão de crédito foi estourado enquanto não conseguia uma remuneração fixa e tinha que ajudar na alimentação dos meus pais e uma irmã de 24 anos, caçula que estuda na UNICAP. Esta por sua vez, nunca procurou emprego de carteira assinada, fez um estágio de acordo com o curso que escolheu, uma licenciatura, mas o trabalho, lógico acabou e agora ela está sem dinheiro. Namora e como você escreveu, quer levar uma vida de casada com o parceiro, porém sem as responsabilidades de contas para pagar... Aí eu me questiono, aos 27 anos, louca para sair de casa, mas sem uma estabilidade financeira, ainda, e tendo que ajudar nas despesas do lar no qual resido, como ficará a minha situação no dia em que eu chegar disser a todos, muito obrigada, foi bom contar com a ajuda de vocês todos estes anos e ajudar também, mas agora vou aproveitar o resto da juventude que tenho e ver se arrumo alguém que me ame e não se assusta com a vida cheia de responsabilidade e contas para pagar, não só minhas, por sinal que tenho... Bom acredito que vou ficar bem, contudo e quanto àqueles que tanto lutaram por “meus sonhos”? É nem todos os pais ajudam os filhos, e se ajudam esperam um bom retorno financeiro. Bem que eu gostaria que essa lei vingasse, se o estado me ajudasse com as minhas despesas básicas eu sairia de casa, rapidinho porque não custeio só a minha vida, pago as minhas contas e ajudo, com água, luz, alimentação, passagem, lazer... É, nem sempre os filhos são ingratos é necessário olhar para esses pobres oprimidos e muito sobrecarregados com os pais que têm filhos e não podem mantê-los e depois ainda querem fazer de suas casas uma pensão para os mesmos, obrigada pelo espaço de desabafo e compreensão. Além de tratar de um tema tão difícil. Abraços.

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  4. Acho que o mesmo deve ser aplicado aos filhos que são "explorados", por assim dizer, pela situação imposta pelos pais. Assim como os pais não têm obrigação de sustentar ou manter sob o mesmo teto o filho adulto, o filho tb não deveria se sentir responsável por manter os pais. Ainda mais quando ainda existe irmãos que não merecem ser sustentados. A vida é feita de escolhas e você deve fazer a sua, que é sair da casa dos seus pais, dar um basta e começar a cuidar da sua vida. Caso contrário, você corre mesmo o risco de estar vivendo esta mesmíssima situação daqui a 5 ou 10 anos. Você deve deixar de viver os problemas do presente e plantar um futuro para você. Só assim você há de enxergar um luz, que seja, no final do túnel. Pelo seu relato, vejo que você busca isso, embora esteja muito ressentida e magoada com a sua situação. Seus pais são adultos e haverão de compreender a sua decisão. Além disso, só deixando de ajudá-los você estará verdadeiramente ajudando-os. Pense nisso e boa sorte.

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