Sabe quando existe alguma ameaça que você sabe que pode se concretizar, mas não perde a esperança de que seja dissipada e quando ela se concretiza lhe deixa chocada? Pois foi desse jeito que me senti a partir da noite do dia 17 de junho deste ano, quando foi derrubada a exigência do diploma. Havia a ameaça de o Supremo Tribunal Federal cassar o diploma de jornalista - isso mesmo, cassar, porque acabar com a exigência do diploma para o exercício da profissão é cassar o direito de quem o conquistou -, mas ainda tinha esperança que os ministros do STF acordassem e entendessem que o nosso diploma em nada cerceia a liberdade de expressão. Em vão foi minha esperança. Apenas o ministro Marcos Aurélio votou pela manutenção do diploma.
Naquela noite, uma quarta-feira, eu estava assistindo ao Jornal Nacional enquanto passava roupa ( minha empregada está de férias), quando ouvi a chamada para a notícia. Fiquei em estado de choque. Aguardei a matéria e depois chorei minha indignação, frustração, decepção. Colegas de profissão me ligaram no mesmo estado emocional. Fiquei tão chocada que nem quis falar com meu marido. Ele não entendeu nada. Tinha saído uma hora antes do noticiário me deixando distraída com minhas roupas e com a televisão. Ao voltar, me encontrou com as roupas e a televisão, mas sem sorriso e com os olhos vermelhos de chorar. Perdi praticamente a voz por vários dias. Não consegui nem mesmo vir ao computador e confabular sobre a dor de ver a minha profissão sendo jogada no lixo por meia dúzia de homens que se investiram do poder supremo de dizer, agora, qual profissão deve ou não continuar com a exigência da qualificação em faculdade.
Meu marido, tentando me consolar, dizia: " mas você sabia que isso poderia acontecer". Eu sabia, mas acreditava que uma rajada de consciência mudaria o rumo da conversa em Brasília. Recebi, nos dias seguinte, a solidariedade de muitos, mas também a piada de alguns. Aos meus amigos que tentaram fazer graça avisei: "você não sabe com o que está mexendo e não sabe em que fera me transformo quando fico p... da vida." As brincadeiras ficaram por ali mesmo.
Hoje, 18 dias depois, estou conseguindo escrever alguma coisa. E vou escrever mais. Amanhã, estarei defronte ao Tribunal de Justiça da Bahia mostrando ao ministro Gilmar Mendes, que comandou o processo com toda a arrogância que lhe é possível, que nós temos brios. Ele estará aqui na Bahia. Por mim e por tantos outros colegas não é bem vindo. Nosso país não precisa de retrocessos como este.
Ainda estou magoada, lambendo minhas feridas, mas sozinha ou com outros colegas que se sintam lesados por terem acreditado em uma ordem jurídica do nosso País, vou brigar pelo meu direito. Acreditei na regra e, aos 18 anos, estudei em uma universidade particular porque a federal, em Recife (PE) não tinha curso de jornalismo. Quem pagará pelo investimento que fiz ao longo dessas décadas em uma profissão que passou a ser de qualquer um?
Puxa Vanda...não sabia disso e enquanto eu lia fiquei imaginando os magnânimos ministros terem seus diplomas de OAB derrubados. Isso sim teria sido bem + útil...Nunca entendi o porquê de um formando em direito ter de prestar a tal prova.
ResponderExcluirInjustiça essa com sua carreira
Chateou-me,
Bjs,
Duh