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Um porto seguro no dia a dia do jornalista

Como coloquei na confabulação anterior, hoje, 7 de abril, é o dia dedicado aos jornalistas. Só quem escolheu e exerce esta profissão sabe que é preciso muito amor, vocação, dedicação. Muitos, contudo e infelizmente, consideram que é preciso apenas esperteza e saber usar das estratégias de manipulação para alcançar seus objetivos - sejam ele de poder, de lucro, de vaidade, coisas assim.

O jornalista vive sob um estresse contínuo. Muitos são os vitimados por infartos e outras doenças, cardíacas ou não. Nem nos permitimos ter tempo para ir ao médico com regularidade. Ainda somos mal remunerados, apesar da importância do nosso trabalho para a consolidação da cidadania, da democracia. Ainda somos incompetentes para nos impor como profissionais qualificados, com formação superior, como cidadãos que investem, infinitamente, no conhecimento - seja com assinaturas de revistas/jornais, seja com pós graduações, MBAs, mestrados, doutorados. Ainda assim, comoos professores, não somos reconhecidos e continuamos nos alimentando de um status que não enche barriga.

Muitos de nós tem dois ou mais empregos; muitos vivem de "freelas"; muitos desabam na depressão por não alcançaram seus objetivos, nem mesmo o de ter uma casa própria ou um carro para se deslocar com mais facilidade (se os engarrafamentos cada vez maiores deixarem); nem mesmo ter uma matéria a redigir.

Somos a profissão do estresse que continua encantando a tantos jovens. Mas somos também os profissionais que precisam de paz, pelo menos em algum momento.

E hoje, no Dia do Jornalista, o meu dia, gostaria de estender a homenagem para alguém que tem sido incansável na sua paciência, no seu carinho, na sua dedicação, na sua atenção. Alguém que tem conseguido aliviar o estresse que acumulei durante o dia ao me receber, todas as noites, muitas vezes mais tarde do que eu gostaria, com um abraço acolhedor que diz sem palavras " relaxe, estou aqui com você". Alguém que tem sido o meu porto seguro e que me permite recarregar as baterias para o dia seguinte, me permitindo retomar o trabalho que amo - mas que desgasta - todos os dias, renovada com o abraço e o beijo que me oferece todas as manhãs, ao sair também para a sua jornada - que não é de jornalista (ainda bem!!). Quero deixar minha homenagem registrada aqui, com um agradecimento sincero pelo amor concedido nessas duas décadas que estamos juntos. Valeu, Roberto.

Aos meus colegas, que vocês se permitam receber o carinho daqueles que estão ao seu lado. Faz um bem enorme, tenham certeza.

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