Srs. ministros
Sras. ministras
Aos 7 anos de idade eu sonhava em ser jornalista. Eu tinha acabado de ingressar no pré-primário na Escola Adozindo Magalhães de Oliveira, mantida pela CHESF - Companhia Hidroelétrica de Paulo Afonso, na Bahia. Era o ano de 1969. Amava estudar; fascinava-me aprender. A profissão de Jornalista já estava regulamentada e o diploma era uma exigência que considerava natural, tamanha a amplitude e responsabilidade da carreira que sonhava em abraçar.
Sras. ministras
Aos 7 anos de idade eu sonhava em ser jornalista. Eu tinha acabado de ingressar no pré-primário na Escola Adozindo Magalhães de Oliveira, mantida pela CHESF - Companhia Hidroelétrica de Paulo Afonso, na Bahia. Era o ano de 1969. Amava estudar; fascinava-me aprender. A profissão de Jornalista já estava regulamentada e o diploma era uma exigência que considerava natural, tamanha a amplitude e responsabilidade da carreira que sonhava em abraçar.
Aos 18 anos mudei-me para Recife, em Pernambuco, para me preparar para o ingresso na faculdade - a porta para a realização do meu sonho. De 1981 a 1984 frequentei o curso de Comunicação Social-Jornalismo, na Universidade Católica de Pernambuco, à noite. Trabalhava durante o dia para pagar a faculdade.
Obter conhecimento sobre ética, filosofia, sociologia, ciência política, teologia, fundamentos científicos da comunicação e história da cultura e dos meios de comunicação social, entre outras disciplinas, além das específicas da profissão,foi fundamental para a minha formação como jornalista.
Ao longo desses 24 anos de exercício da profissão tenho aplicado o que aprendi; principalmente o de respeitar os fundamentos de que a notícia tem os dois lados e que o jornalista, como formador de opinião, tem responsabilidade sobre o que diz, sobre o que escreve.
No próximo dia 17 os senhores e senhoras estarão decidindo se mantém-se ou não a exigência do diploma para o exercício da profissão que abracei com tanto amor, dedicação e responsabilidade. É atribuída a Aristóteles a frase " A esperança é o sonho do homem acordado". Eu sonho este sonho. Eu tenho esperança que os que fazem o Supremo Tribunal Federal saberão distinguir o que é um bem para a sociedade e o que é interesse de grupos econômicos e políticos que querem, a qualquer custo, livrar-se das amarras que os prendem à responsabilidade de agir com ética e respeito. O nosso diploma, o meu diploma, em nada ameaça a liberdade de imprensa. Ao contrário: a liberdade só se conquista com responsabilidade. E, assim como um médico sem diploma ameaça a vida dos pacientes, um jornalista sem formação específica é uma ameaça à integridade moral e ética da nossa sociedade.
Peço-lhes, pois, que me permitam continuar alimentando a esperança de que as minhas conquistas, alcançadas com tanto custo e dedicação, serão mantidas; que o meu sonho de infância, realizado com tanta convicção, não será destruído. Este sonho, tenham certeza, não é apenas meu, mas de milhares de pessoas, colegas de profissão e estudantes de jornalismo, futuros colegas. Que nossa realidade possa ser preservada.
Muito obrigada.
PARABÉNS VANDA !! O TEXTO EXPRESSA CLARAMENTE O QUE PENSAMOS.
ResponderExcluirConcordo plenamente e assino embaixo, Vanda. Diploma, sim. Bjs e a todos os campanheiros que estão na luta pelo respeito à nossa profissão.
ResponderExcluirIsabel Santos DRT/Ba.678
Concordo plenamente. Se com diploma é assim imagine sem diploma...
ResponderExcluirRoriz, Bel e Fátima.
ResponderExcluirSei que esse é um sentimento conjunto. Fiz a opção de escrever uma carta pessoal aos ministros, para mostrar que somos pessoas. Por favor, se puderem, não apenas vocês três, mas todos, façam suas próprias cartas de pedido de apoio, com depoimentos sobre a importância do diploma para vocês. Um cheiro.
Oi, Vanda. Este relato reflete não só uma justíssima causa que nos interessa, mas dá a dimensão da sua grandeza como pessoa humana.Com admiração e amizade,Gabriela Rossi.
ResponderExcluirEsta carta é Vandardiga ! Parabéns !!!!
ResponderExcluirA exigência de diploma de bacharel em jornalismo foi a forma que a ditadura militar, através da Junta que comandava o Brasil em 1969, encontrou para manietar o livre pensamento. Sou favorável à revogação pelo STF de tal exigência, que vai contra a CF de 1988. Caberá ao legislador ordinário, regulamentar a profissão, exigindo, por exemplo, que o jornalista seja graduado em área de humanas e, até, quem sabe,pós graduado latu sensu em comunicação social. A grande imprensa não ficará pior do que está.
ResponderExcluirAntônio Ribeiro - advogado
Vanda, tudo isso que vc escreveu reflete o pensamento dos jornalistas éticos, que encontraram sua vocação ainda na infância, e mesmo com todas as deficiências encontradas em qualquer curso universitário, valorizaram a sua formação. Sou jornalista, tenho 20 anos de profissão, e em meu coração vejo a sinceridade de tudo o que vc escreveu. Tenho certeza que, se perdermos a luta do diploma, quem mais perde será a própria sociedade e a democracia. Quisera eu que fosse o contrário, mas sabemos que essa confusão envolvendo liberdade de expressão e exercício profissional responsável só atende aos mesmos interesses da época da ditadura. Espero que a sociedade brasileira tenha dissernimento suficiente para refletir e apoiar esta causa, e que o nosso Superior Tribunal não permita que se cometa o absurdo de se extinguir o diploma. Saudações a todos os colegas jornalistas.
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