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Gritos de socorro não ouvidos

Hoje, os jornais trazem mais uma notícia de tragédia anunciada. Luciana dos Santos Muniz, de 21 anos, foi assassinada a facadas pelo ex-companheiro Wagner Macedo Alves, de 29 anos. Os dois estavam separados havia três meses. O acusado informou que vinha tentando uma reconciliação mas que Luciana não aceitava . Ela já tinha registrado duas queixas na Delegacia da Mulher contra Wagner, mas conseguira audiência apenas para outubro.
Este é mais um grito de alerta, de pedido de socorro, que não foi ouvido pelas autoridades. Lembro-me que, ao dar cobertura jornalística a uma palestra da defensora pública Firmiane Venâncio, coordenadora do Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública, no Instituto Steve Biko, algumas alunas do pré-vestibular relataram outros casos como o de Luciana. As mulheres denunciaram, pediram socorro, mas nada foi feito. Elas foram assassinadas.
O grito de socorro não ouvido se repete em outras situações, que não necessariamente envolvam homem x mulher que têm ou tiveram relacionamento amoroso. Também ocorre com conflitos entre vizinhos, que podem, como sabemos, levar a tragédias.
Sou testemunha, e vítima, de um deste casos. Moro há sete anos em uma casa em Piatã. Há cerca de três ou quatro anos chegou uma moradora ( duas casas depois da minha) cuja família é composta de duas filhas e um neto ( todos adultos), três cachorros e... 60 gatos. Nossos dias tranquilos acabaram. Gatos invadem nossas casas e o mau-cheiro invade nossas narinas em qualquer horário: no café da manhã, no almoço, no jantar, na hora de dormir... quando chove, como tem chovido nesses dias, piora ainda mais.
Ainda tem mais. Sempre que some um gato somos - os vizinhos - acusados, aos berros, durante o dia ou de madrugada, de termos matado o animal. A vizinha que fica entre a minha casa e a dos gatos sofre, ainda, com ameaças à segurança do seu filho de 12 anos.
Em uma ocasião, no ano passado, a confusão e as ameaças foram tão graves que precisei tirar minha vizinha, vítima, da casa dela e trazer para a minha. Chamamos a polícia, que não veio. Meu marido e meu vizinho foram à Delegacia de Itapuã, mas não conseguiram registrar queixa. No dia seguinte fomos surpreendidos: a agressora conseguiu registrar queixa... como vítima. Eu e outros vizinhos fomos depor. Mas, misteriosamente, o processo sumiu ( a vizinha dos gatos tinha dito que não ia dar em nada). Exigimos a abertura de outro processo; novos depoimentos foram tomados. Processo sumiu novamente.
A situação não é fácil. O odor das fezes e da urina nos incomoda por mais de 500 metros ao redor da casa dos gatos. Os xingamentos da dona dos gatos continuam, sem horário certo para acontecer. Mas não sabemos mais a quem recorrer.
Quem pode ouvir nosso pedido de socorro?

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