O programa Bahia no Ar, na TV Record/Itapoan, mostrou hoje pela manhã a cena de um linchamento na Suburbana, se não me engano. A apresentadora, Daniela Prata, comentou que isso é fruto do descrédito que a população tem em relação à Justiça e alertou para o perigo de as pessoas saírem fazendo justiça com as próprias mãos - que é crime.
O rapaz que fez as imagens e cedeu para a TV Itapoan considerou preocupante que as pessoas fizessem isso abertamente, na frente de todo mundo, inclusive de crianças.
Concordo com ambos, mas volto aqui a questionar: como conter a população se alguns membros da polícia baiana não se intimidam nem se constrangem de fazer exatamente o mesmo, de linchar ou matar aqueles que tenham atingido alguém da corporação ou um parente ou amigo de alguém da corporação? Essa prática de alguns policiais, que se repete corriqueiramente, significa que eles também não acreditam na Justiça?
Vanda, querida, saudade de você!
ResponderExcluirTambém vi as cenas no Bahia no Ar e achei muitíssimo pertinentes as observações de Daniela Prata. Desde a minha passagem pela reportagem policial, coisas assim era o que mais me indignava. E, com base nessa minha experiência, que não foi pequena - seis anos corridos e, vez por outra, incursões pela mesma área, embora pertencendo a outras editorias - digo que não se trata somente de descrença na justiça. Tem um componente mais forte aí, que é o instinto animal do homem (e da mulher, mas muito mais ativo no homem, por questões hormonais mesmo, acredito). Tanto que, muitas vezes, a polícia (a justiça, em tese) tem um trabalho imenso para conter os linchadores, que liberam todo o seu instinto animal. É claro que, junto com esse instinto, vem também, em doses muito grandes, uma frustração social, o extravasamento de todas as tensões e carências e revoltas.
Quando se trata do mau exemplo policial, aí a coisa é mais séria, porque também tem um pouco do componente de não acreditar na justiça (eles dizem que prendem, e a justiça solta logo, e eu pude comprovar isso muitas vezes), mas a coisa é mais de crueldade, de barbárie mesmo - o instinto animal que falei acima - agravado porque é duplamente crime, caracterizado como violência institucional. Essa prática, a violência institucional, foi tema de um seminário na OAB do qual participei, quando era assessora de lá, em 1992, e só tem crescido em várias partes do Brasil, até pelo galopante aumento da população com seus problemas de inchaço nas grandes cidades, má distribuição de renda, sobrevivência em condições indignas e por aí vai.
Também tenho saudades suas. Infelizmente a correria em que vivemos nos afasta das pessoas que gostamos, mas que também correm. Pra você ter idéia, neste ano não pude participar de nenhuma das atividades da nossa semana.
ResponderExcluirRealmente esse esse componente do instinto animal nos linchamentos. E isso gera uma certa angústia em mim. Sabemos que neste clima podem sobrar inocentes que estavam no local errado, na hora errada. Cada vez mais comum isso, aliás.
Acho importante que a imprensa, no seu papel de informador e de, principalmente, formador de opinião, faça o seu papel com responsabilidade, como o fez Daniela Prata.