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Digo não aos adolescentes no volante

Há alguns meses tem sido debatido no Brasil a possibilidade de redução da idade para tirar a carteira de motorista, hoje determinada em 18 anos. Não sei porque fico surpresa com essas confabulações. Muitos são contra. Outros tantos, a favor, principalmente os jovens de 16 e 17 anos que já dirigem clandestinamente, em seus próprios carros presenteados pelos pais.
Outra discussão também tem sido debatida com ardor há meses: a redução da maioridade penal. Muitos são contra; outros, a favor. O interessante é que uma grande parte das pessoas - e aí entram os pais - parece desvincular uma questão da outra, como se isso fosse possível.
Na Teoria original de Murphy, se existem duas possibilidades e alguém fazer algo e uma delas é errada, alguém vai errar. Se o adolescente é impulsivo, gosta de velocidade, de se exibir para os amigos e para as garotas, e sabe que não pode ser responsabilizado penalmente por algum acidente que provoque no trânsito, é claro que ele cometerá infrações.
De acordo com dados que colhi no Globo on line, pesquisa feita em abril deste ano pela Volvo, em parceria com a Perkons, fabricante de equipamentos de fiscalização, a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot) e o Ministério da Saúde, 42% dos jovens que dirigem, atualmente, não têm carteira de habilitação. Na faixa entre 16 e 17 anos, 20% declararam que costumam guiar mesmo sem ter idade legal. Quem permite? Os pais, em sua maioria. Já vi casos em que o filho, ao completar 16 anos, recebe um carro dos pais, vai comemorar com um pega e os pais só o viram de novo morto. Dramático? Não, real.
A pesquisa aponta, ainda, que 21% dos entrevistados já se envolveram em acidentes. As principais causas são: desatenção ou imprudência do motorista (57%), excesso de velocidade (15%) e consumo de bebida alcoólica (9%).
Pelo que acompanho em Salvador, onde o trânsito não tem fiscalização nenhuma - pessoas dirigem sem cinto, com o braço para fora, em pé ou sentadas em cima de caminhões ou pick-ups, sinais são invadidos e ultrapassagens irregulares e violentas acontecem por minuto - legalizar a direção a menores de 18 anos é dar um atestado de morte a maioria deles e a milhares de transeuntes que estão nas calçadas andando ou esperando ônibus.
Sou contra, sim. Na minha casa, meu filho só dirigiu depois de tirar habilitação - depois dos 18 anos, é claro. Não porque ele fosse irresponsável, mas porque nós, os adultos, somos responsáveis. Que prevaleça o bom senso e a justiça. Se é pra liberar isso, que seja revista também a idade penal. Chega de impunidade no trânsito. Estou sendo radical? E você, o que acha sobre isso?

Comentários

  1. Fiz o mesmo aqui em casa, muito embora já saiba dirigir desde os 12. Menino é destrambelhado, mesmo. Tem de esperar, pois carro é um instrumento tão letal quanto uma arma. Tem de ter discernimento, e isso só vem com o tempo.
    Érico Penna

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  2. Isso ai é loucura, com todo respeito. visto que, após a legalização da abilitação para menores em consequência vira a devida punição para cada infrator pois uma vez abilitado o nosso jovem terá de se responsabilizar por seus atos graves ou não. sem contar que uma vez o jovem abilitado terá as devidas instruções de como se portar e conhecerá a consequência de seus atós, sem contar que será analisado a posibilidade da retirada de sua abilitação por proficionais qualificados, se fosse para broibir, teriamos que priméiro eliminar a porcentagem de carteiras compradas e de pessoas que nao tem o menor escrúpulo no controle de um carro (detalhe a maioria acima dos trinta) já vi sim muitos jovens dirigindo melhor que muitos adultos. não me levem a mau, mas acho que tem coisa muito pior acontecendo para nos preocupar-mos com os nossos jovens no volante. vamos se preocupar em aumentar o número de alunos nas escolas vamos olhar para o nosso ensino público.

    By: Cavalcanti (motorista a vinte e cinco anos)

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  3. um dia vcs vão ficar velhos ao ponto que precisarão de nos até para ir a fila do inss, nos não daremos a mínima pois vcs foram contra o nosso direito de dirigir, não se esqueçam que quando agente envelhece voutamos a ser criança.
    e o futuro de vcs querendo ou não está em nossas maos. dêem-me meus direitos que lhes darei os seus ou apartei-vos de mim pois sois incompreensíveis.

    escrito pelo: teu filho

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  4. Meu "filho". Lamento quevocê pense assim. Não é uma questão de apenas dar direitos. Todo direito implica em um dever paralelo. E não creio que a maioria dos adolescentes tenha a consiência do dever, da responsabilidade que implica em dirigir um veículo. Não fosse asim, as seguradorasnão aumentariam em pelo menos 20% o valor do seguro quando há jovens com até 25 anos na residência. Quanto à velhice,quem sabe você também não chega lá? Fique só atento ao trânsito, que mata mas que guerras. Um abraço.

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  5. Cavalcanti, discordo de você. Debatera violência no trânsito ea possibildade de liberação da habilitação para adolescentes é coisa séria.São muitos os pais que perderam (para a morte)os seus filhos entre 15 e 17 anos depois de presenteá-los com um carro. Não é questão de cerceamento de direito, nem apenas de intensificr orientação. A intempestividade, a ousadia ea agressividade no volante são mais acentuadas nas pessoas mais jovens, que acham que nada lhes contecerá. Um abraço.

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  6. Eu sou a favor de adolescentes a partir de 16 anos dirigir, contendo uma autorização dos pais, pela questão da consciência MUITOS jovens tem responsabilidade e capacidade de dirigir.. Autorização dos pais por conhecer o filho e saber se ele tem a tal da auto afirmação perante os amigos.. Então com essa autorização os responsavéis e capazes de dirigir não sofrem pelos outros !

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  7. Oi, anônimo. Que pena que você não se identificou e nem deixou e-mail; só saberá minha resposta se acessar aqui de novo. Como eu já disse, as seguradoras aumentam em pelo menos 20% o valor do seguro quando há jovens com até 25 anos na residência. Isso é baseado em pesquisas, que apontam uma incidência maior de acidentes com motoristas nessa faixa etária. Infelizmente já vi alguns pais que achavam que conheciam bem o filho, presentearam-no com um carro e logo em seguida o perderam, vítima de acidente de carro em um pega. Mas ressalto que o meu pensamento não coloca todos os adolescentes no mesmo barco. Tenho consciência de que uma minoria tem responsabilidade. Mas uma lei é para a maioria. Aliás, para todos.

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