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Loucos por perigo

Quando eu morava no Imbuí, a 13 anos atrás, gostava muito de ir no Empório. Naquela época, só um dos barracões funcionava, com forró e tudo. Depois, há uns 10 anos, os outros barracões foram abrindo espaços para barzinhos muito legais. No entorno do Empório, poucas casas. Tempos depois resolveram construir uns prédios no morro, por trás do Empório, que já estava ali, com sua música e sua agitação. As pessoas que foram comprando os apartamentos passavam na frente do local e viam, óbvio, que ali era um ponto de barzinhos. Mesmo assim compraram. Depois foram brigar com a Sucom para acabar com a música. Oxente, quem chegou primeiro?

Contei essa historinha só pra falar da situação dos aeroportos no Brasil. O trágico acidente do dia 17 escancarou as discussões sobre causas e culpados. Tam, governo, queda de Valdir Pires ( que vinha sendo batalhada por muitos há algum tempo), pista do Aeroporto de Congonhas... Em nenhum momento, entretanto, vejo a imprensa conduzir a discussão para um problema grave: a ocupação imobiliária no entorno dos aeroportos. Parece-me que os governos federal e estaduais não adotaram, em nenhum momento, e nem adotam agora, providências para impedir que a ocupação imobiliária cerque os aeroportos.

Congonhas, segundo andei pesquisando na internet, enfrenta debates desde a sua construção. Mas a força de interesses imobiliários e a falta de planejamento da cidade de São Paulo falaram mais alto que as autoridades da aeronaútica. Vejam uma foto que pesquei no site do aeroporto, ainda em 1947. Como vêem, a cidade não estava colada como está hoje. Mas os governos deixaram ela chegar, como se os aviões fossem de brinquedo e sempre sob controle.

Nesta última semana recebemos visita dos amigos Claúdio e Denise ( que estavam acompanhados de Heloísa e do pequeno Murilo), que moram em Bauru -SP. Eles disseram que em Garulhos a situação está ficando quase igual. Encontrei uma foto área recente do aeroporto. Confiram: no alto da foto, à direita, lá está a cidade colada, praticamente, com a pista.

Resolvi olhar o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas - SP, que vai entrar na distribuição dos vôos. A situação não é melhor. Lá, por incrível que pareça, as terras vizinhas foram loteadas e vendidas mais facilmente a partir do momento em que o aeroporto entrou em funcionamento. Esse povo é louco por perigo mesmo. é gostar muito de ver avião subindo e descendo, com aquele barulhozinho de nada. Essa foto é do Google.

Por fim, falo do Aeroporto 2 de Julho ( vixe, esqueci que mudou para Aeroporto Luis Eduardo Magalhães). Desde que o Instituto Espírita Boa Nova mudou de Itapuã para São Cristovão ( 2ª rua à direita depois do viaduto, sentido aeroporto), vi mais de perto como a ocupação imobiliária chegou junto do aeroporto. Nas reuniões do sábado, os aviões passam tão baixo e fazem tanto barulho que o palestrante tem que dar uma pausa a cada aeronave que desce. Se você está na praia de Ipitanga, vê a mesma coisa. Salvador e Lauro de Freitas, cidades conurbadas, fizeram, literalmente, um sanduíche do Dois de Julho. Vejam na foto que pesquei no Google como está a ocupação no entorno do nosso aeroporto.


E aí, será que os nossos governantes não vão fazer nada? Quais os cuidados que estão tendo com aeroportos novos, mesmo os pequenos? Na minha opinião, as pistas, OBRIGATORIAMENTE, devem ser seguras e ter sistema que evite a aquaplanagem, mas deve-se ser reservada muita área livre para planos emergenciais B, C e D na hora da aterrissagem. Muitas tragédias poderão ser, e poderiam ter sido, evitadas.

Comentários

  1. É verdade, Vanda. Logo que cheguei aqui minha mãe comentou comigo a preocupação da aproximação das cidades nos aeroportos. Falou do de Congonhas, aeroporto que sempre teve medo e sempre evitou conexões. Mas dai chamou também a atenção do nosso aeroporto. Realmente algo tem que ser feito. Providências têm que ser tomadas. Além destes que você citou incluo também o de Ilhéus que tem uma pista super curta e sempre deixou passageiros com aquele frio na barriga. O mesmo acontece com o Santos Dummont.
    Sinceramente eu não tenho me sentido nada segura quando estou no avião, e olha que ultimamente tenho viajado com mais freqüência. Dessa vez não senti nada de estranho enquanto viajava, mas confesso que rezei a viagem toda pedindo proteção para chegarmos bem. Ainda não tinha acontecido a tragédia, mas a tensão se percebia em alguns passageiros devido a crise aérea. Primeiro pela lembrança ainda recente com a Gol, e segundo mais ainda pela falta de solução com o caos aéreo. Em maio eu vim de surpresa para o niver da minha mãe e quando retornei para Brasília o avião fez uma arremetida (acho que é esse o nome que usam) quando já tinha sido anunciado que iríamos aterrissar. Nossa! Foi um susto danado. Não é mais de se estranhar os aplausos quando o avião alcança o solo e finalmente pára. Sim, uma verdadeira alegria em comemoração à VIDA, vida esta que foi perdida por muitos por prepotência, imprudência dos governos, infraero, anac, enfim, responsáveis por tantas vidas e que eles não parecem se importar. Será que a dor só chega quando você realmente sente?! Dizem que aprendemos a andar tomando tombos... bem, não é assim que desejamos quando viajamos. O povo precisa exigir uma solução. O nosso povo deve lembrar aos nossos governantes que nós sabemos, nós lembramos, nós vimos e ouvimos o desespero dos familiares... temos memória, mas infelizmente precisamos lembra-los que nós existimos e como nossos representantes exigimos que tomem providências. Não esqueçamos: O PODER EMANA DO POVO. Assim está na nossa constituição e assim devemos exercer o nosso direito.

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