Hoje, por volta da 8 horas, enquanto Roberto e eu íamos dar uma caminhada na praia, vimos um grupo de meninas indo para a escola. Estavam com farda de uma escola pública da região. Passamos, então, a confabular sobre as mudanças dos tempos para a educação. Desculpem-me, mas não tenho como não dizer " no meu tempo não era assim".
Como muitos sabem, sou pauloafonsina, filha de chesfiano e, portanto, com direito a estudar na escola da Chesf, que era pública (visto que não pagávamos mensalidades - só fardamento e livros). Durante todo o primário estudei das 7 às 11. Mamãe nos acordava cedinho, nos aprontava, dava-nos café com pão e manteiga e depois nos deixava no portão... de casa. Íamos pra escola sozinhos, caminhando por cerca de 2 km, fizesse chuva ou sol. O irmão mais velho pegando na mão do mais novo. (Sou a do meio de 11 irmãos).
Todas as escolas da Chesf funcionavam em quatro turnos: 7 às 11, 11 às 15, 15 às 19; à noite tinha escola pra adulto.
Tínhamos quatro meses de férias: dezembro, janeiro, fevereiro e julho. As de julho sempre encarei meio ressabiada, porque nunca passava meu aniversário na escola.
Fazíamos a ponta do lápis com uma banda de gillete (lâmina de barbear) que nossas mães enrolavam em um pedaço de papel e colocavam dentro do nosso livro.
Pois bem, íamos sozinhos, sem medo de ladrão, estuprador ou sequestrador. No máximo, medo do papafigo (Isso é assunto pra outra confabulação).
Com quatro horas de aula (com um intervalo de 30 minutos) e quatro meses de férias, o aproveitamento era excelente, a repetição baixa e a grande maioria aprendia o que se ensinava.
Hoje, quase que não se tem férias, algumas escolas ficam com horários obsoletos e o índice de aproveitamento, de aprendizado, é ridículo de tão ínfimo. Tem um monte de gente entrando e saindo da faculdade sem saber escrever ou interpretar um texto.
Usávamos a gillete todos os dias, mais de uma vez (dependia de quanta palhaçada queria se fazer para os colegas enquanto a professora estava escrevendo no quadro) e nunca tive relato de um colega cortar o outro. As diferenças se resolviam na mão: entre os meninos, com socos; entre as meninas, com puxões de cabelo (talvez fosse este um dos motivos porque mamãe sempre cortava nossos cabelos curtinhos). Sempre cercados pelos colegas que estimulavam os briguentos com suas torcidas. Nunca aconteceu nada de grave. E olhe que eu tinha uns dois colegas que estavam sempre dispostos a brigar.
E aí? Onde foi que erramos? Acho que na falta do amor, da atenção e do limite. Dê a sua opinião.
vandinha,
ResponderExcluirEu tb usava a gilette para fazer a ponta do lápis. E merendava lanche mirabel ou cream cracker com goibada.. Bons tempos...
Bjs
Márcia