Hoje pela manhã, depois de ter lido uma mensagem que finalizava com " a felicidade começa em quem tem bons princípios", resolvi priorizar a atualização do Forquilha. Nos últimos meses não tenho dado essa prioridade, deixando-me consumir pelas demandas dos trabalhos e da família. Mas hoje acordei com vontade de escrever. Ao acessar o blog, vi que tinha um comentário a moderar para a confabulação Olhos fechados para as drogas , postada em 4 de Julho de 2007. É de um adicto (dependente de drogas) relatando seu drama pessoal, sua luta para vencer o crack:
" OLÁ, MEU NOME É (ALDSJ), SOU UM ADICTO EM BUSCA DE RECUPERAÇÃO, TENHO 24 ANOS, MORO EM SALVADOR, COMECEI O USO DE DROGAS AINDA NA INFÂNCIA, NÃO CULPO MINHA FAMÍLIA NEM SUPOSTOS "AMIGOS", A DOENÇA É MINHA. EM 11 DE ABRIL DE 2007 APÓS TER VENDIDO TUDO QUE TINHA DENTRO DA MINHA CASA PARA FAZER O USO DE CRACK, FUI INTERNADO NA VILA SERENA (CENTRO DE TRATAMENTO DE DEPENDÊNCIA QUÍMICA) QUE USA COMO TRATAMENTO OS DOZE PASSOS DE NARCÓTICOS ANÔNIMOS, VI MUITA COISA RUIM LA DENTRO MAIS TAMBÉM VI MUITO MAIS COISAS BOAS, SOU MUITO GRATO PELA OPORTUNIDADE QUE MINHAS TIAS ME DERAM E DA TERAPEUTA VALÉRIA DA VILA SERENA, MAIS MESMO COM ESSA FORÇA TODA NÃO ADIANTOU, ATÉ CONSEGUIR FICAR LIMPO QUASE SEIS MESES MAIS NO DIA DOS PAIS TIVE UMA RECAIDA E DE LÁ PRA CÁ NÃO TENHO CONSEGUIDO FICAR LIMPO NEM 90 DIAS.MEU PONTO DE VISTA É QUE DROGAS É SIM UM PROBLEMA SOCIAL MAIS NINGUÉM VAI NO BAIRRO DO RICO, SÓ OLHAM PRO POBRE FAVELADO, MAIS NÃO DIVULGAM O QUE O RICO ROBOU NA RUA PQ SUA FAMÍLIA TEM INFLUÊNCIA.SÓ POR HOJE QUERO FICAR LIMPO E SER FELIZ ENQUANTO AINDA TENHO SAÚDE, PEÇO DESCULPAS A TODOS QUE MACHUQUEI.VANDA, PARABÉNS CONTINUI COM ESSE TIPO DE TRABALHO E QUE DEUS ESTEJA SEMPRE CONOSCO."
Concordo com ALDSJ: as batidas são sempre nos bairros de população mais pobres, passando o rodo em traficantes e usuários. Mas, e os usuários e traficantes que residem nos bairros de classe média? Quando assisti Tropa de Elite, não tive como não concordar com o Capitão Nascimento, que responsabiliza o universitário, de classe média, pela morte do traficante.
Como disse no artigo de Julho do ano passado e como diz o meu leitor, a adicção não é culpa da família ou dos amigos. É, na minha opinião, fruto de uma escolha errada feita em algum momento, por motivos diversos: curiosidade, angústia, depressão, revolta... Todos significando uma só coisa: fraqueza interior. Uma fraqueza física, mental e espiritual. Cada um de nós tem que encontrar e reconhecer a força que traz no seu próprio EU. Sem esse reconhecimento, nenhuma mão estendida será capaz de salvar da pena de morte decretada pela droga: overdose ou morte (pela polícia ou pelo traficante).
Acredito na força da espiritualidade. Acredito na vida após a morte e na força do trabalho dos que estão na outra dimensão, seja para o bem, seja para o mal. Em ambas, contudo, o efeito só acontece se permitirmos com nossos pensamentos, vontades, atitudes.
Mas, independentemente das ações desenvolvidas pelos espíritos do bem, digamos assim, o Poder Público pode e deve fazer alguma coisa. Claro que não é permitir que a polícia ou grupo de exterminadores saia matando por aí, fazendo uma limpeza, principalmente étnica. Mas com programas sociais, principalmente nas escolas de Ensino Fundamental. Como disse o meu leitor, a adicção começa cedo, muito cedo. Com um agravante, sem que os pais - desatentos, ou ocupados, ou liberais, ou... - se dêem conta. Não adianta tapar o sol com a peneira. Precisamos agir. Dentro de casa, sendo mais presentes nas vidas das nossas crianças. Na vida, sendo mais tolerantes com as fraquezas alheias. Como diz a Oração da Serenidade, adotada pelos A.A., Al-Non, N.A. e Nar-Non, que Deus nos conceda a serenidade para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar as que podemos e saberia para perceber a diferença entre elas.
Para os adictos que confabulem comigo,aliás, para todos que confabulem comigo, indico para leitura o blog recuperarequeestaadar.blogspot.com
A felicidade, é vero, começa com bons princípios.
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