Quero confabular com vocês sobre um texto traduzido por Débora Menezes e compartilhado no grupo Rebeca e em seu blog, educomverde. blogspot. com. Acho que o autor, Eduardo tem razão na sua análise.Não temos a natureza dentro de nós. Mas acho, também,que mesmo que protegê-la fosse o 11º mandamento, a maioria de nós a desprezaria da mesma forma. É tudo uma questão de consciência, como o próprio pecado. Para quem não tem consciência, não existe pecado, nem culpa, nem remorso. Se não existe consciência da natureza, não existe o certo e o errado. Existe a conveniência de cada um. Infelizmente.
A foto acima é da parte devastada do Pantanal do Mato Grosso, na região próxima a Paconé, extraída do sosterravida.hpg.ig.com.br.
A natureza está fora de nós.
Em seus 10 mandamentos, Deus esqueceu de mencionar a natureza. Entre as ordens que nos enviou desde o Monte Sinai, o Senhor poderia ter agregado mais uma regrinha: “Honrarás a natureza da qual fazes parte”. Mas isso não Lhe ocorreu.Há cinco séculos, quando a América foi aprisionada pelo mercado mundial, a civilização invasora confundiu ecologia com idolatria. A comunhão com a natureza era pecado, e merecia castigo. Segundo as crônicas da conquista (dos espanhóis, principalmente) , os índios nômades que usavam parte do córtex das árvores para se vestir jamais cortavam um tronco inteiro, para não aniquilá-las, e os índios sedentários plantavam cultivos de diversas espécies, com períodos de descanso, para não cansar a terra. A civilização que vinha impôr a devastadora monocultura de exportação, não podiam entender as culturas integradas a natureza, e as confundiu com vocação demoníaca ou ignorância. E assim se seguiu. Os índios de Yucátan e os que depois se juntaram a Emiliano Zapata, perderam suas guerras por atender às semeaduras e colheitas de milho. Chamados pela terra, estes soldados se desmobilizavam em momentos decisivos de combate. Para a cultura dominante, que é militar, assim os índios provavam sua covardia ou sua estupidez.Para a civilização que se diz ocidental e cristã, a natureza é uma besta feroz que deveria ser domada e castigada, para que funcione como uma máquina, colocada a nosso serviço desde sempre e para sempre. A natureza, que era eterna, nos devia escravidão.Muito recentemente nos inteiramos de que a natureza se cansa, como nós, seus filhos; e soubemos que, como nós, pode morrer assassinada. Já não se fala em submeter a natureza; agora, até seus carrascos dizem que temos que protege-la. Mas em um ou outro caso, natureza submetida ou natureza protegida, ela está fora de nós. A civilização que confunde os relógios com o tempo, o crescimento com o desenvolvimento e o grandote com a grandeza, também confunde a natureza com a paisagem enquanto o mundo, labirinto sem centro, se dedica a romper seu próprio céu.(Eduardo Galeano em: Úselo y Tírelo – El Mundo Visto Desde uma Ecologia latinoamericana. Grupo Editorial Planeta, Buenos Aires, 1994)
Vanda, sem problemas na reprodução do texto, acho que o autor ia gostar muito! Só gostaria que reproduzisse seu comentário no meu blog educomverde.blogspot.com. Sobrevoei Poconé e fiz a mesma foto do avião; é o tipo de imagem que vemos na TV e nos jornais, e que não nos parece dizer respeito, até entrarmos nela ao observá-la de perto. Abs e boa sorte no seu blog.
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