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Mostrando postagens de 2013

Solidão a dois não é amor

http://www.dinet.tv/passaros-e-cantos.html Dizem que o passar dos anos faz com que mudemos nosso modo de pensar e agir; que nos tornamos mais maduros e capazes de enfrentar situações que na infância e juventude não conseguiríamos. Amar sem sofrer é um bom exemplo disso. É comum vermos jovens, e pessoas nem tão jovens, que vivem amores - melhor dizendo, paixões - que lhe provocam sensações como se estivessem em uma imensa montanha russa: uma vida cheia de sobressaltos e, muitas vezes, alagada por lágrimas e marcada por brigas, dor e solidão a dois. Como já disse Cazuza em sua música Eu queria ter uma bomba , " solidão a dois, de dia faz calor depois faz frio" . Esse turbilhão ocorre primeiro porque pensam, cegos pela paixão, que  esse sentimento os tornará uma só pessoa. Quando percebem que não é bem assim como queriam, sofrem. Depois, tentam mudar a outra pessoa para que esta fique o mais próximo do que deseja que ela seja. Como não consegue, briga. E chora. E sofre.

Quem tem coragem de ser pai investe na paz

Adoro filmes. No final de semana sou capaz de ver pelo menos uns três, se ninguém me tirar desse vício. Entre os que vi está um que diz exatamente o que penso sobre a responsabilidade dos pais na educação dos filhos como contribuição para a diminuição da violência e da delinquência infanto-juvenil. Corajosos - esse é o filme, produzido pelos irmão Kendrick (evangélicos) e com  Alex Kendrick interpretando o personagem principal. Corajosos aborda o dever dos pais (especificamente do pai) em relação aos filhos. Trata de decisões tomadas por homens, amigos e policiais, que convivem diariamente com a delinquência na cidade onde moram. Na esteira dos meus 51 anos e fazendo parte de uma família de 11 irmãos (na verdade são 17, mas isso é outra história), considero que a maioria de nós dessa geração perdeu a mão no preparo do bolo da vida para os filhos. Saídos de uma infância e juventude reprimidos por muitas regras e limites, resolveram criar os seus filhos com mais liberdade. Aliás

Me gusta Argentina. Me gusta los hermanos.

A richa no futebol entre o Brasil e a Argentina é clara. Aqui, nosso eterno rei é Pelé. Lá, Don Diego Maradona. Um lado sempre defendendo que o seu ídolo foi melhor que o do outro quando estavam na ativa pelos campos afora.  Essa disputa é até engraçada, mas perde a graça quando se tenta levar essa briga para o dia a dia, principalmente no turismo. Antes de iniciar minhas viagens pela América do Sul sempre ouvi dizer que os argentinos eram mal educados e que tentavam passar a perna nos turistas brasileiros. Quando iniciei o curso de espanhol uma colega de turma destilou veneno contra os argentinos com argumentos semelhantes. Com tanta referência ruim, dava até medo de ir lá ao país vizinho. Nas férias deste ano passei pela Argentina e trouxe uma cerveja para um amigo. Ao recebê-la, ele perguntou se estava envenenada. Oxe! Envenenada?!?! Por que estaria? “Sei lá, veio da Argentina e dizem que eles sempre tentam sacanear com os brasileiros”, respondeu-me. Taí... Fiquei boba!

Aquele beijo nunca mais esquecerei

Era a primeira semana outubro de 1977 e acontecia a novena de São Francisco em Paulo Afonso. O largo da Igreja de São Francisco, pouco mais que uma capela erguida em pedras na área do acampamento da Chesf em 1949, estava movimentado com o pequeno parque de diversões e as barracas de bebidas e comidas. Era um sobe e desce danado de jovens num clima de paquera. Em 3 de outubro, véspera do Dia de São Francisco e do fim da novena, minha irmã Vânia puxa  pra sentar na grama conosco aquele por quem havia quase um mês eu suspirava apaixonada na inocência dos meus 15 anos: Roberto, rapaz de Salvador, 20 anos. Dias antes ela tinha nos apresentado. Passamos parte da noite sentados ao lado da igrejinha, próximos da Roda Gigante, ouvindo Roberto Carlos. Apesar de tímida, tive coragem de pegar na sua mão e observá-la. Você é cigana?, perguntou-me. Respondi que não e fiquei vermelha como se tivesse engolido uma pimenta. Mas continuei com sua mão entre as minhas. Conversa veio e conversa foi. Por

O difícil exercício de se colocar no lugar do outro.

Meu marido diz  que adoro ouvir a conversa dos outros. Não é bem assim; não fico ouvindo atrás das portas ou nas extensões dos telefones. É bem assim; não consigo deixar de ouvir as conversas quando estamos em locais públicos. Sempre dá pano pra manga. Na semana passada, por exemplo, enquanto estava numa recepção da ala de consultórios do Hospital San Rafael, acabei ouvindo duas mulheres que estavam na fileira atrás de mim. Nessa tarde parece que muitos médicos atrasaram. Pelo menos estavam a minha e a delas - que não eram a mesma. Uma dessas mulheres reclama sem parar de que a médica - uma ginecologista - leva mais de meia hora no atendimento do paciente. "_ Dá vontade de bater na porta...", diz. Menos de um minutos depois ela dispara: " Dá vontade de ir embora, não vou mentir." E o papo de críticas e lamentações prossegue enquanto o painel vai apitando e mudando os números das senhas, sempre na tônica de que cada consulta da tal médica é muito longa. Sinto

Quem não é corrupto é otário e vacilão

Em nossas andanças pelos países vizinhos vivi duas situações interessantes que nos fez refletir sobre o Brasil e que tem tudo a ver com os gritos de protesto das infinitas manifestações. Equipe da Tum Tum surpreende com confiança Em outubro de 2008 andamos pela Venezuela, onde o povo se dividia entre o endeusamento de Hugo Chaves e a sua execração. Passamos dois dias em Coro , uma das cidades mais antigas do país e reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO desde 1993. Também conhecida por Santa Ana de Coro, é a capital do estado de Falcón e do município Miranda. Mas não quero falar de geografia. O fiz apenas para lhe situar. Em Coro, ficamos na pousada Tum Tum, que nos foi indicada por uma pessoa em Mérida , e que estava em transição de gestão. A dona, Angélica ( belga), tinha acabado de vender para o casal Damien (francês) e Norka (Venezuelana). Na primeira manhã Roberto perguntou se tinha cerveja. Sim. Long neck. Pediu duas. A belga disse que pegasse no f

Internação compulsória - uma polêmica luz no fim do túnel

A Câmara Federal aprovou em plenário, nesta semana, o projeto que muda  o Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas (Sisnad)  e que prevê a internação involuntária para dependentes químicos, entre outras modificações. A votação ainda não é conclusiva para que o projeto possa seguir para o Senado, porque falta a apreciação de destaques ( i nstrumento regimental pelo qual os deputados podem retirar (destacar) parte da proposição a ser votada, ou uma emenda apresentada ao texto, para ir a voto depois da aprovação do texto principal).   A proposta é polêmica dentro e fora do legislativo. Incomoda àqueles que são contra a internação. Alguns, inclusive, associam o processo à retomada dos manicômios. Outros, milhões, tenho certeza, tem a notícia como uma luz no final de um túnel ou no fundo de um poço; como uma chama de esperança de resgaste de familiares queridos que se prenderam, e se perderam, na viscosa armadilha das drogas, em especial do crack. Quem tem algum dependente químico

Amor de mãe independe do ventre

Depois de algum tempo sem confabular com vocês volto a escrever. No Dia das Mães não poderia deixar de abrir meu coração mais uma vez. Quero falar sobre o amor de mãe - não apenas daquela que carrega um bebê por meses no útero, mas daquelas que os carregam no útero da vida por todo o sempre desde o seu encontro com aquele ou aquele a quem tem como filho. O desconhecimento de muitas pessoas sobre a intensidade possível do amor de uma mulher por um filho que não saiu do seu ventre ainda é muito grande. Não sei se por preconceito, por arrogância ou por medo. Sim. Preconceito, porque ainda tem muita gente que acha que quem pariu é que deve balançar o berço ou que sabe balançar o berço. Mas não falo do berço - cama. Falo da vida, do cuidar, do amar. Arrogância, provavelmente por achar que pode ser melhor que outras mulheres porque teve a capacidade de gerar em seu ventre. E medo, porque no fundo sabe que para amar não é necessário que o filho tenha o mesmo sangue, que se pareça fisicament

Falta de educação marcam cerimônias de formatura

Com 12 anos e meio tive autorização para ir à formatura do meu pai em Administração. Na década de 1970 era tradição as formaturas do colegial (que depois foi chamado de científico, depois de 2º grau e atualmente de Nível Médio). Se você é tem menos de 40 anos, talvez não saiba o que isso representava. Era uma honra recheada de emoção para uma garota, principalmente porque teria a oportunidade de ver como era um baile. Crianças ou pré-adolescentes não participavam de eventos à noite. Junto com o pacote de sonho veio o meu primeiro vestido longo. Tudo simples, sem brilhos, mas, aos meus olhos, lindo: rosa, com alça em V e marcação sob os seios. Era a segunda formatura de Nilton Cavalcante Amorim; dois anos antes ele se formara em Contabilidade. Era o máximo que se chegava em Paulo Afonso (BA), onde ainda não havia faculdades. Toda a solenidade acontecia no Clube Paulo Afonso (COPA). A entrega dos diplomas e o baile. Tudo com muita formalidade e respeito. Lindo! Um a um dos formando

Reflexões sobre a renúncia do papa Bento 16

Tenho uma mania que não sei se é boa ou ruim. Em minha opinião, acho boa. Mas, não sei o que você, leitor, pensa. Esta minha mania é a seguinte: sempre que tomo conhecimento de um fato de grande repercussão tento me colocar no lugar... tento saber como eu agiria. Será que sou corajosa assim? Será que sou honesta como tal pessoa? Será que sou capaz de amar como esta outra? Será que perdoaria em tal situação? Claro que nem sempre tenho as respostas. Nessa semana que acabou o meu exercício foi motivado pela renúncia do papa Bento 16. Será que tenho humildade para admitir minha incapacidade para alguma coisa? A renúncia do papa pegou todo mundo de surpresa na segunda-feira, 11. Afinal, a última renúncia ( houve três outras) aconteceu há mais de 600 anos. Especulações sobre pressões internas no Vaticano também não faltaram para encontrar justificativas. Mas não quero confabular sobre a política do Vaticano ou o impacto dessa renúncia sobre o mundo católico. Quero falar do ato de admitir s

Amar todos os dias ajuda nas despedidas

No domingo passado li e compartilhei um mensagem atribuída ao espírito André Luiz, psicografada por Chico Xavier. Ela diz assim: “Se tiver que amar, ame hoje. Se tiver que sorrir, sorria hoje. Se tiver que chorar, chore hoje. Pois o importante é viver hoje. O ontem já foi e o amanhã talvez não venha. ” Fiquei confabulando com meus botões: será que tenho feito isso? Numa rápida revisão das minhas atitudes acho que sim. Pelo menos na maioria das vezes. Em minha casa pratico a terapia do abraço e do beijo.  Não saio de casa sem dar um beijo em meu marido e meu filho. Ao voltar, faço a mesma coisa. Quando meus pais ou meus irmãos estão em minha casa, faço a mesma coisa. Abraço. Beijo. Minha mãe se derrete com beijinho nos olhos. Criei até o abraço de caranguejo que tem feito sucesso porque, além do amor transmitido, é uma rápida massagem. Não sabe como é? Eu lhe ensino, pois aprendi ao ver caranguejos em um viveiro na praia da Sereia, em Maceió.. Abraço de caranguejo: Abrace a pe

Somos todos deuses?

Retomo minhas confabulações, suspensas em novembro do ano passado. Como promessa de ano novo quero me determinar a confabular com vecês ao menos uma vez por semana, estejam onde estiver. Hoje minha cabeça está tomada por um pensamento: será que somos todos deuses? Devemos ser ou pensamos que somos. Explico. Ontem, um amigo do Facebook compartilhou em apoio uma postem de alguém que dizia que todos os viciados em crack deveriam ser executados porque só dão despesas aos cofres públicos. Ele se posicionou contra a internação compulsória  e defendeu que os dependentes da droga deveriam ser colocados em um navio e serem afundados no mar. Vixe! Não é por aí! Hoje, enquanto termino o café da manhã e me levanto para ir ao trabalho, ouço uma chamada do noticiário da globo dizendo que um ministro do Japão defendia que os idosos doentes deveriam ter a morte acelerada pelo mesmo motivo: despesas para os cofres públicos. Um sonoro "Oxi, tá doido?!!" foi a minha reação. Só vi a matéri