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Pais superprotetores prejudicam filhos?

Uma controvertida pesquisa realizada no Japão, divulgada ontem, 11/03/10, em reportagem de Wendy Zukerman, da New Scientist, indica que pais super protetores arriscam reduzir a velocidade de crescimento do cérebro dos seus filhos.

De acordo com a reportagem, o pesquisador Kosuke Narita, da Universidade de Gunma, no Japão, analisou os cérebros de 50 pessoas na faixa dos 20 anos. Para pesquisar o vínculo entre o comportamento dos pais e o problema mental dos filhos, o grupo respondeu a um questionário sobre sua relação com os pais durante os primeiros 16 anos de suas vidas.

A equipe de Narita descobriu que os jovens com pais super protetores tinham menos massa cinzenta em uma área particular do córtex pré-frontal, em relação àqueles que tiveram relações saudáveis com seus pais. Esta parte do córtex pré-frontal se desenvolve durante a infância, e anomalias lá são comuns em pessoas com esquizofrenia e outras doenças mentais.

Narita e seu grupo propuseram que a liberação excessiva do hormônio do estresse cortisol --devido tanto à negligência, ou à atenção exagerada-- e a reduzida produção de dopamina (neurotransmissor estimulante) como resultado do relacionamento inadequado dos pais com os filhos bloqueia o crescimento da massa cinzenta.

Anthony Harris, diretor da Unidade de Desordens Clínicas, no Hospital Westmead, em Sydney, Austrália, ao analisar a pesquisa, diz que as diferenças observadas no cérebro não são sempre permanentes. Ele ressalta que muitos indivíduos demonstram grande resiliência (capacidade de superar problemas).

Mas para Stephen Wood, que estuda o desenvolvimento dos adolescentes no Centro Neuropsiquiátrico de Melbourne, na Austrália, o relacionamento dos pais com os filhos não pode ser necessariamente acusado pelas anomalias cerebrais. Ele ressalta que os indivíduos estudados podem ter nascido com as anomalias e, como resultado, não se deram bem com seus pais, ao invés de ser o processo contrário ter acontecido.

Wood questiona: “ por que se preocupar com a educação dada pelos pais se há outros fatores que podem ter impacto mais forte?”

Não sou pesquisadora como Narita, Harris e Wood, e nem sei se o prejuízo que a superproteção dos pais pode provocar nos filhos tenha condição de ser medido cientificamente. Mas considero que temos que nos preocupar, SIM!, com a educação dadas pelos pais. Entendo e vejo, por observação, que superproteção gera, com exceções, claro, jovens adultos com pouca iniciativa, sem a ousadia e coragem necessária para o enfrentamento dos problemas do dia a dia.

E você, o que acha? Você tem filhos? Como os cria? E como foi criado? Confabule comigo.

Comentários

  1. Em excesso como foi meu caso prejudica e muito. Não sou filha única, porém sou a única mulher. Meus pais foram superprotetores, do tipo que não me deixava ir na casa de amiga, sair a noite, ir no dentista, escola... Sempre tinha a companhia de alguém. Lógico que isso não me fez bem, mesmo hoje com 23 anos isso acabou comigo. Estou tentando criar coragem e procurar um apoio psicológico, pois simplesmente não consigo, sou muito tímida, insegura, não sei me relacionar com as pessoas, não conegui fazer faculdade, não consigo emprego, nunca tive namorado, etc. Na maior parte do tempo quero ficar em casa isolada, e se dependesse de mim ficaria pra sempre. Mas, agora eles me "libertaram" e ficam fazendo cobranças... só que eles não pensaram nisso quando controlavam até as poucas amizades que tive. Desculpe o desabafo.

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  2. Obrigada por compartilhar sua experiência, Katia. Imagino como lhe dói a insegurança. Mas é importante que você tenha coragem de procurar ajuda. De qualquer forma, você é jovem e tem uma vida pela frente. Confie em si e aprenda a confiar nas pessoas ao seu redor. Mas, olha, confiar não significa acreditar em tudo e em todos cegamente. Há pessoas boas e más. Mas acredito que o bem sempre supera o mal. E que costumamos encontrar pela frente sempre o que vai em nosso coração. É isso: confie em você, defina seus sonhos e tome coragem de correr atrás deles.Você consegue Um abraço.

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